PINTURA PADRONIZADA IMPEDE QUE TRANSPARÊNCIA SEJA EFETIVADA NO SISTEMA DE ÔNIBUS DE CIDADES COMO NITERÓI.
Não se sabe se é para rir ou para chorar. Segundo reportagem do jornal O Globo, o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Rio de Janeiro (SETRERJ) anunciou que vai criar um"portal da transparência" com informações sobre frotas de ônibus, itinerários, horários de viagens e outras informações operacionais.
A informação, aparentemente, atende a uma cobrança da fracassada CPI dos Ônibus de Niterói, e apresentará também informações como quais os ônibus que possuem ar condicionado, aviso sonoro e conexão em wi-fi (Internet sem fio). No entanto, dados como a auditoria externa dos contratos e divulgação de planilhas para cálculo das tarifas não foram anunciados.
A medida é apenas um dos inúmeros paliativos que o sistema de ônibus de Niterói, que em 2012 passou a adotar o mesmo modelo vigente no Rio de Janeiro, apenas com algumas adaptações de contexto, que tentam, em vão, compensar a pintura padronizada que, segundo as autoridades, "tira o vínculo das empresas às linhas operadas".
FALTA DE FUNCIONALIDADE
Sem o direito de cada empresa de ônibus apresentar sua própria identidade visual, todos esses paliativos ocorrem em vão, porque a verdadeira transparência, que é o passageiro identificar a empresa não apenas pelo logotipo colocado na janela ou no letreiro digital, mas a pintura própria da mesma, não acontece.
Daí que soam inúteis ou, quando muito, de eficácia bastante limitada, medidas como exibir logotipos em janelas (como no caso da Viação Pendotiba, Auto Lotação Ingá, Viação Araçatuba e Expresso Barreto) ou em letreiros digitais (como no caso da Expresso Miramar).
Há também o paliativo de permitir a variação de design nos folhetos de itinerários colocados nos ônibus, o que soa bastante irônico e jocoso para os passageiros, uma vez que as palavras, em muitos casos, são difíceis de ler.
Existe até uma piada que, se a pintura padronizada dos ônibus do Rio de Janeiro apresenta uma estética de "embalagem de remédio", a pintura padronizada dos ônibus de Niterói vem com a bula colada nos seus respectivos veículos.
Colocar informações na Internet sobre as frotas ou lançar aplicativos GPS, como ocorre em algumas cidades, sobre dados de cada empresa, soa inútil, porque com a pintura padronizada fica sempre complicado. Paliativos como esses nem de longe conseguem resolver, até porque eles também são um tanto complicados.
As autoridades que promovem a pintura padronizada tentam, com essas medidas junto ao empresariado, se passar por "modernas" e apelar para a tecnologia, nem sempre eficiente, para tentar, em vão, descomplicar a confusão dos ônibus padronizados.
A confusão continua no cotidiano. É só observar a fileira de ônibus que passa pela Av. Visconde do Rio Branco, próximo à Rua Marechal Deodoro e o acesso ao Terminal João Goulart. A pintura única de cada consórcio, desvinculando as empresas da identificação visual, mas vinculando a mesma à Prefeitura de Niterói, é de deixar qualquer um com dor-de-cabeça com tantos ônibus iguaizinhos.
Daí que esse "portal da transparência" soa como uma piada para a população, porque esse portal poderá trazer tudo, menos transparência.
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