VIAÇÃO VERDUN JÁ FIGURA ENTRE AS PIORES EMPRESAS DE ÔNIBUS CARIOCAS.
Desde que foi implantado um modelo autoritário e tecnocrático do sistema de ônibus do Rio de Janeiro, há quatro anos atrás, o serviço piorou consideravelmente. Afinal, a crise de representatividade operacional trazido pela Prefeitura carioca, uma desnecessária intervenção estatal num serviço prestado por particulares, contribui para o declínio do sistema.
Para entendermos a situação, vamos dar como exemplo o bairro de Copacabana, considerado um dos principais da Zona Sul carioca e que poderia sugerir uma demanda mais conceituada dos ônibus que circulam pela região.
Ontem, numa caminhada por Copacabana, observou-se que quase todos os ônibus estão sucateados, sempre com alguma parte da lataria amassada, rodando como se estivessem com os parafusos se soltando e com o motor sujo e abafado.
Isso já acontece há algum tempo, mas agora tudo isso tem um ingrediente mais dramático: mesmo ônibus com alguns meses de fabricação já apresentam não só lataria amassada mas também arranhões diversos.
Um dos casos mais deploráveis é a Viação Verdun, que já se equipara à Expresso Pégaso em qualidade da frota, com ônibus que parecem mais antigos do que realmente são, e um péssimo estado de conservação que envolve veículos comprados há apenas poucos meses. Antes excelentes, Transurb e Nossa Senhora das Graças agora se destacam pelo sucateamento severo dos veículos.
Mas outras empresas como Braso Lisboa, São Silvestre, Real, Alpha, Futuro e Redentor também demonstraram péssimo estado em suas frotas, o que nos faz sugerir que o fantasma da Trans1000, extinta empresa da Baixada Fluminense, incorporou no sistema de ônibus carioca.
Se em Copacabana os ônibus demonstram estar um lixo - só se salvam carros comprados no prazo não superior a dois meses, e mesmo assim poucos - , os demais bairros cariocas apresentam frotas ainda mais sucateadas. Na Zona Oeste, o problema atinge pontos mais críticos.
Impedidas de apresentar sua identidade visual, o que influiria na relação econômica com o público que se utiliza de seus serviços, as empresas de ônibus são desestimuladas a promover competitividade, já que são amarradas num sistema de consórcios, de valor e eficiência duvidosos.
Com isso, nenhuma delas é estimulada a promover um diferencial de serviço, já que umas são iguais às outras pela pintura, e praticamente passam "apagadas" pelas ruas. Que diferença tem uma Viação Acari, uma Viação Verdun e uma Viação Madureira Candelária, por exemplo? Nenhuma.
Se nenhuma delas é estimulada a promover um diferencial de serviço, devido à intervenção estatal - a pintura padronizada dá mais ênfase ao logotipo da Prefeitura do Rio de Janeiro - , então elas reagem à arbitrariedade política piorando o serviço.
Com isso, o prefeito Eduardo Paes mexeu em time que estava ganhando, embora não jogasse bem. Mas se o sistema de ônibus carioca antes de 2010 tinha seus problemas, eles apenas pioraram quando Eduardo Paes e seu pupilo Alexandre Sansão foram se meter em algo que não entendiam bem, que é o transporte coletivo. Daí o desastre que somos obrigados a encarar todos os dias.