sexta-feira, 23 de agosto de 2013

IDENTIFICAR EMPRESAS NÃO É QUESTÃO DE ESTÉTICA. É COMPROMISSO DE RESPEITO AO PASSAGEIRO

Olhem para esta foto. Não é bom poder identificar, facilmente e à distância, as empresas que prestam o serviço que você utiliza? Esta foto mostra a rodoviária de Nova Iguaçú, e mostra uma invejável diversidade visual já ausente na capital do estado e que vai desaparecer no mês que vem na cidade onde eu moro, Niterói.

Pouca gente sabe, mas esse modelo de ônibus que estão querendo impor na marra no Brasil todo, é do tempo da ditadura militar. A ideia de uniformizar toda a frota é claramente inspirada nos veículos militares.

Mas não é necessário uniformizar a frota de um determinado lugar para mostrar serviço. Aliás, era melhor nem uniformizar, já que a dificuldade na identificação de empresas dificulta usuários e favorece a corrupção, além de impedir reclamações diretamente com as empresas. Como, se ninguém sabe qual é a empresa?

O que ninguém sabe, é que uniformizar empresas na marra é um desrespeito ao passageiro, uma humilhação até. Os busólogos não se importam com uniformização já que são capazes de identificar modelo de chassi com os olhos fechados, que dirá de empresas em frotas uniformizadas. Já os cidadãos que penam para pegar um ônibus estão, como é tradição, literalmente abandonados pelas autoridades.

Afinal, qual a vantagem de se uniformizar a frota?

Apesar das polêmicas envolvendo busólogos, nenhum deles ainda parou para fazer ou responder a seguinte pergunta: qual a vantagem de se uniformizar a frota? Sinceramente não vejo vantagem, a não ser para a própria prefeitura, que usa os ônibus como propaganda de suas gestões.Só faltava estampar as caras dos prefeitos nessas pinturas, para deixar a coisa escancarada.

Convém lembrar que uniformizar as coisas é algo típico de ditaduras e, coerentemente, a medida está sendo implantada nas cidades sem qualquer tipo de consulta, plebiscito, etc. Nada mais adequado para um sistema nascido nos tempos da ditadura.

Ditadura fora da lei

Agora, uma novidade que nenhum dos defensores e nem as prefeituras sabiam: a uniformização visual das frotas (também conhecida como padronização visual) é ilegal. Vai contra justamente a lei de licitação que as prefeituras tando dizem seguir.

Faz parte do resultado de uma licitação legalizada a identificação clara dos vencedores. Como é que após uma licitação, as prefeituras escondam a identificação das prestadoras de serviços - é um direito do cidadão poder identificar quem presta o serviço que ele utiliza - , fugindo da própria lei da licitação? É como se eles interrompessem o processo, escondendo da população os vencedores da licitação.

Maiores detalhes sobre isso aqui neste link.

Respeito ao cidadão que não é seguido

O povo é sempre tratado pelas autoridades como gado. Na sociedade em que vivemos, os ônibus são tratados como o transporte desse gado. E pelo jeito, gado, para estas autoridades, não fala, não decide, não escolhe, não reclama e nem merece respeito.

De que adianta colocar BRTs, pisos baixos, ar condicionado e um monte de veículos pomposos para disfarçar um sistema que nasce falho e segue colecionando erros? É fazer o passageiro de trouxa, pois ele só quer conforto e rapidez, e não um monte de pompa que além de todos os erros, não estimula a retirada dos automóveis nas ruas, mantendo todo o sistema de transporte como está. Apenas eliminando as qualidades que tinha, substituindo-as por uma bela maquiagem que deixa o ônibus bonito para os busólogos, mas bastante problemático para quem depende dele para exercer o direito garantido por lei, de deslocamento.

Precisa colocar uniforme em todos os ônibus? Não só não é necessário como é nocivo à população. Chega de uniforme. Padronização não combina em um país com vocação para diversidade.

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