quinta-feira, 30 de julho de 2015

SISTEMA DE ÔNIBUS DO RJ ESTÁ RUIM EM TODAS AS EMPRESAS

 Não é só Paranapuan, City Rio (rebatizada Viação VG), Rubanil e Pégaso. Nem Vila Real, Vila Isabel ou Madureira Candelária. O sistema de ônibus do Rio de Janeiro, vigente desde 2010, piorou em praticamente todas as empresas, já que consiste numa intervenção estatal, em que a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) passou a comandar com mãos de ferro.

É o mesmo modelo de transporte coletivo adotado em Curitiba no período da ditadura, em que se confunde fiscalizar com mandar, algo comparável à confusão das funções de porteiro com a de síndico em um condomínio.

A respeito de acidentes e ônibus com péssimo estado de conservação, mesmo veículos comprados em poucos meses passam a ter lataria amassada ou até arranhada. No caso da Litoral Rio Transportes, houve veículos da Marcopolo Torino 2007 Volvo, comprados no início de 2014, que em dois meses apresentavam até pára-choque arrancado. 

E os acidentes? Desastres dramáticos também envolveram empresas como Real, Tijuca, Alpha e até mesmo empresas como Redentor e Pavunense, que haviam assumido linhas de outras empresas consideradas deficitárias.

Quem está no Centro do Rio de Janeiro não tem dificuldades em verificar ônibus da Real Auto Ônibus circulando como se estivessem sacolejando, o que mostra estrutura interna se soltando. A Real, considerada de "boa qualidade", já sofreu acidente com morte.

As fotos mostram ônibus da Empresa de Transportes Braso Lisboa e Rodoviária A. Matias se envolvendo em acidentes diferentes em 2014. No entanto, os acidentes mostram o quanto há despreparo dos motoristas, trânsito caótico e outros transtornos. A Braso Lisboa e a Matias já apresentam em sua frota ônibus com lataria amassada e estrutura interna quase solta (que faz os ônibus rodarem "sacolejantes"), além de adotar a dupla função do motorista-cobrador, o que é um grave risco para o conforto e segurança dos passageiros.

VERDUN TEM CARRO COM DUAS PLACAS DIFERENTES

A Viação Verdun é, como a Transportes Paranapuan, a empresa do consórcio Internorte que apresenta frota sucateada. Em muitos aspectos, está até pior do que a Paranapuan, porque esta, pelo menos, conta com carros mais antigos, enquanto que a Verdun, mesmo em veículos considerados relativamente novos, chegam a ver lataria amassada, estrutura se soltando e até arranhões.

As irregularidades da Verdun são pouco alardeadas, mas, como se observa nas duas fotos registradas por um leitor do jornal Extra, Cláudio Henrique do Nascimento, que com seu smartphone fotografou a dianteira do carro B71001. Pasmo, o leitor verificou que o mesmo carro mostrava placas de registro do Detran diferentes. O Internorte alegou que era por causa da substituição de pára-choques durante uma manutenção, em que se retirou o objeto de um outro veículo.

Mesmo assim, lapsos como este mostram o quanto há problemas de manutenção nos ônibus cariocas, na falta de autonomia das empresas por causa dos consórcios, e da pintura padronizada que é a imagem do poder centralizado da SMTR, com a figura do secretário de Transportes, em vez de atuar no papel de fiscalizador, banca o dublê de administrador das empresas de ônibus.

Isso cria uma crise de representatividade, dentro de um padrão de serviço de ônibus mais burocratizado e sem qualquer eficiência e muito menos transparência. A pintura padronizada simboliza a imagem da Prefeitura, sendo que as empresas de ônibus estão proibidas de exibir sua identidade visual. O passageiro acaba prejudicado com isso, porque fica mais confuso e tem que redobrar a atenção na hora de pegar um ônibus.

A formação de consórcios também acaba juntando interesses empresariais conflituosos, como os enfrentados pela Paranapuan, e disputas vorazes de zonas de bairros, soando mais como um balaio de gatos raivosos. Com politicagem, brigas, falta de transparência, falta de identidade visual, dupla função do motorista-cobrador, só tudo isso para o sistema de ônibus do Rio de Janeiro se mostrar o lixo que está.

Se antes de 2010 a coisa não era perfeita, pelo menos não haviam esses defeitos que vieram depois que o Secretário Municipal de Transportes passou a ser o "rei da cocada preta". Pegar ônibus no Rio de Janeiro virou uma aventura, para não dizer uma tragédia.

terça-feira, 28 de julho de 2015

SMTR TEM CULPA NO TRÁGICO ACIDENTE COM ÔNIBUS DA PARANAPUAN

O acidente do ônibus da Transportes Paranapuan que deixou oito mortos em 2013 e que teve repercussão nacional e internacional, poderia ter sido evitado não fosse o critério da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) de não adotar a obrigatoriedade da figura específica do cobrador nos ônibus, mesmo micros e midis.

A queda do ônibus, em trânsito no Viaduto Brigadeiro Trompowsky, que liga à Av. Brasil à Estrada do Galeão e daí para a Ilha do Governador, se deu porque um passageiro brigou com o motorista por causa do troco. O motorista desempenhava dupla função, já que era responsável pela cobrança das passagens, como era de praxe em ônibus do tipo, um midi, também conhecido como "micrão".

A briga fez o motorista perder direção e cair do viaduto, capotando e caindo quase que em ponta-cabeça. Seis pessoas morreram no instante da queda. Outras duas morreram quando estavam no atendimento hospitalar.

A linha 328 Castelo / Bananal não era para ter micrões. Considerada uma linha funcional para a Ilha do Governador, ela poderia se servir tão somente de ônibus grandes e sempre com as figuras separadas do motorista e do cobrador. No auge da Paranapuan, entre os anos 1980 e 2000, a linha chegou a ter em sua frota veículos da CAIO Millenium 2000, considerados grandes, e com motor avançado Volvo e ar condicionado. Portanto, ônibus enormes de configuração avançada.

Daí não ter havido necessidade de uso dos micrões. Se fosse num ônibus grande, a briga entre o passageiro e o cobrador seria, com certeza, feia, mas o risco do motorista perder a direção e provocar um trágico acidente seria drasticamente reduzido, e todos os passageiros estariam vivos até hoje.

Por isso é que a culpa pelo acidente pode ser atribuída à Secretaria Municipal de Transportes, principalmente numa época em que, desde 2010, se cogitava substituir os cobradores pelos motoristas-cobradores, sob o pretexto de economia de dinheiro e implantação do Bilhete Único. 

Mas isso não traz funcionalidade e, no caso do carro B10033, envolvido na tragédia, ela tornou-se funesta para oito pessoas. A SMTR poderia responder criminalmente por homicídio culposo, por admitir que ônibus circulassem com motoristas em dupla função.

sábado, 25 de julho de 2015

EXIBIR LOGOTIPOS PEQUENOS NÃO RESOLVE PROBLEMAS NA PINTURA PADRONIZADA

As reclamações em torno de confusão e omissão das identidades das empresas de ônibus na pintura padronizada não são resolvidas com a simples exibição de logotipos de empresas nas latarias e janelas dos ônibus, assim como seus nomes nos letreiros digitais.

A pouca informação das autoridades, que raciocinam o que chamam de "interesse público" através de simulações distantes da realidade através de programas de computador (Excel, Photoshop, Photopaint ou mesmo jogos como TheSims), não percebe que colocar logotipos de empresas de ônibus não diminui a confusão causada pela pintura padronizada.

Os logotipos de empresas não raro se perdem ao lado de logotipos de consórcios e de órgãos municipais ou metropolitanos e, além disso, na correria do dia a dia, as pessoas, ocupadas nos seus afazeres, não vão ficar paradas para diferir uma empresa de outra. Se pararem, perderão o ônibus e poderão até se atrasar no trabalho.

No caso dos letreiros digitais, a alternância de informações entre o enunciado da linha (número e destino do trajeto), algum detalhe de percurso (como, no Rio de Janeiro, uma linha para o Recreio que pegue a Via Parque) e até saudações como "Bom Dia" e efemérides tipo "Feliz Dia do Comerciário", fazem perder o tempo para a pessoa ver o nome da empresa no letreiro.

DE LONGE, OS ÔNIBUS PADRONIZADOS DE SÃO GONÇALO (RJ) CONTINUAM CONFUNDINDO MUITA GENTE, COM OS LOGOTIPOS REDUZIDOS A MEROS RABISCOS.

LÓGICA É A DO EXAME DE VISTAS

Deve fazer mal raciocinar dentro das quatro paredes de um escritório, gabinete ou colegiado. O tecnocrata se acha o dono da verdade, acha que está beneficiando a sociedade, e, quando vê a realidade questionando suas decisões, ele se irrita, procura ignorar e mantém seus pontos de vista que atropelam a vontade popular.

Eles não percebem que colocar logotipos para "amenizar" o impacto da pintura padronizada é inviável porque a situação se equipara exatamente ao exame de vista, como na imagem que ilustra esta postagem.

No exame de vista, coloca-se letras em tipos de tamanhos variáveis, de maneira que o paciente possa testar sua visão à distância ou num ângulo bem próximo. Quando as letras ficam distantes e bem menores, elas se tornam menos perceptíveis.

Isso se observa quando fica mais difícil pegar um ônibus ao vê-lo à distância. A burrice dos tecnocratas do transporte coletivo apenas imagina que só pegamos os ônibus quando eles estão perto e chegam à nossa frente no ponto de embarque.

Daí que eles ignoram que a pintura padronizada não tem qualquer vantagem, principalmente quando se refere à funcionalidade. A exibição de logotipos de empresas não elimina o problema, os ônibus continuam, de longe, todos iguais e os passageiros, na sua correria diária, ainda têm alto risco de embarcarem em ônibus errados.

terça-feira, 21 de julho de 2015

MORRE LUIZ PAULO CONDE, MENTOR DO MODELO CARIOCA DE SISTEMA DE ÔNIBUS HOJE VIGENTE

Morreu aos 81 anos, vítima de câncer na próstata, o arquiteto e ex-prefeito do Rio de Janeiro, Luiz Paulo Conde, que governou a cidade entre 1997 e 2000. Ele era ligado ao mesmo PMDB carioca de Eduardo Paes, Sérgio Cabral Filho, Luiz Fernando Pezão e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

O PMDB carioca é marcado por sua vocação autoritária e inclinada a desprezar as leis, como se estivesse governando no Brasil da Era Geisel. E Luiz Paulo Conde foi um dos mentores do atual sistema de ônibus que faz o sofrimento e a infelicidade dos passageiros.

Conde queria implantar no Rio de Janeiro o mesmo projeto que seu colega paranaense, o arquiteto Jaime Lerner, fez na ditadura militar. Consiste em adotar medidas tecnocráticas para o transporte coletivo, adotando uma lógica militaresca que envolve da pintura padronizada nas empresas de ônibus ao trabalho opressivo dos motoristas de ônibus, vários deles acumulando funções de cobrador.

O projeto de Conde previa também a redução de ônibus em circulação nas ruas, uma medida claramente antipopular que causa um dos maiores problemas enfrentados pelos passageiros, que é a longa espera por um ônibus.

Conde é o segundo político ligado à intervenção estatal no sistema de ônibus do Rio de Janeiro. Em 10 de junho de 2014, Marcello Alencar, responsável por planejar a encampação dos ônibus cariocas, faleceu em decorrência dos efeitos de um acidente vascular cerebral.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

MORRE HOMEM ATINGIDO POR RODA DE ÔNIBUS NO RJ

Faleceu ontem, no hospital Quinta D'Or, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio de Janeiro, o comerciante Ananias Henriques, de 64 anos, que foi atingido por uma roda que se soltou de um ônibus da Transportes Paranapuan que percorria a Linha Amarela.

Ananias sofreu lesões nos quadris, no pulmão e na cabeça, e estava em coma induzido até ontem, quando não resistiu aos ferimentos e faleceu. Ele era dono de uma farmácia. A empresa não se pronunciou sobre o acidente.

A Paranapuan simboliza a crise que sofre o modelo de transporte coletivo implantado em 2010, com o poder concentrado da Secretaria Municipal de Transportes e a adoção de medidas consideradas prejudiciais à população, como a pintura padronizada para as empresas, a dupla função do motorista-cobrador e a mutilação de linhas sob o rótulo de "alimentadoras".

O grupo político que decidiu por esse modelo é de Eduardo Paes, Sérgio Cabral Filho, Luiz Fernando Pezão, Carlos Roberto Osório e outros. Eles são do PMDB carioca, o mesmo que é representado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, o que mostra que a linha do partido no Rio de Janeiro é autoritária e antilegalista.

PARANAPUAN EM BOA FASE, COM ÔNIBUS CAIO MILLENIUM VOLVO, COM AR.

PARANAPUAN NÃO ERA EMPRESA RUIM

É certo que a Paranapuan prolongava a vida útil dos veículos, mas a empresa não era considerada das piores do Rio de Janeiro. É também certo que havia reclamações diversas, queixas, protestos, mas a empresa chegou a ter uma boa fase nos anos 80, quando renovava exemplarmente sua frota.

A empresa começou a decair por estar desestimulada a exibir sua identidade visual, medida proibida pelos autoritários políticos do PMDB carioca. Adotando uma pintura que a faz praticamente igual e confundível com outras como Verdun, Madureira Candelária e outras, a Paranapuan se desleixou e entendeu que, com o visual vinculado à Prefeitura do RJ, ela não precisa cuidar bem de sua frota.

A Paranapuan perdeu uma de suas linhas mais rentáveis, a 910 Bananal / Madureira, que foi incluída no esquartejamento de trajetos que o "método Eduardo Cunha" de mobilidade urbana fez para empurrar o uso do Bilhete Único. No seu lugar, criou-se a "alimentadora" 910A Bananal / Fundão.

Há dois anos, a Paranapuan se envolveu em um acidente num micrão, entre um motorista-cobrador e um passageiro, devido a problemas de troco. A discussão teria culminado em briga violenta que fez o motorista-cobrador perder a direção e causar a queda do ônibus, causando a morte de oito passageiros.

ACIDENTE COM ÔNIBUS PADRONIZADO DA PARANAPUAN, EM 2013, TRAGÉDIA QUE VIROU NOTÍCIA EM TODO O BRASIL, COM REFLEXO NA IMPRENSA ESTRANGEIRA.

DESENTENDIMENTOS

O dono da Paranapuan também teve desentendimentos diversos com outros empresários ligados ao consórcio Internorte, o que revela o conflito de interesses que um grupo empresarial montado pelo poder público, que é o consórcio, expressa, e que pode trazer prejuízos para o sistema de transporte, com a falta de autonomia de cada empresa de ônibus.

O problema causado tanto pelo acidente de 2013 quanto pelo desta semana pode sugerir que somente as empresas de ônibus são irresponsáveis. Mas esses acidentes revelam a falência de um modelo em que a figura do Secretário de Transportes, em vez de fiscalizar o sistema, comanda com mãos de ferro o serviço.

Com um Rio de Janeiro marcado por uma sociedade provinciana - antes paradigma de modernidade, o Estado do Rio de Janeiro, inclusive sua capital, sofreu retrocessos diversos resultantes da Educação deficitária e da decadência de valores - a antes Cidade Maravilhosa hoje é palco de muitos atos violentos - , muitos não conseguem ver a diferença entre fiscalizar e mandar.

RODA SE SOLTOU DE UM ÔNIBUS DA PARANAPUAN QUE PASSAVA NA LINHA VERMELHA.

Daí que poucos percebem que o verdadeiro problema está na prepotência da SMTR, reflexo de uma prática política do PMDB carioca em que os políticos fazem o que querem com a população, cometem abusos de poder e ilegalidade, embora tentem dizer o contrário. Igualzinho ao que se vê com o deputado Eduardo Cunha no Congresso Nacional.

Autoritarismo não é o mesmo que fiscalização. E o SMTR impõe pintura padronizada, mutilação de trajetos, a "camisa-de-força" dos consórcios e o resultado são BRTs lotados, ônibus com lataria amassada (pode ser Paranapuan, Matias, Redentor, Real, Braso Lisboa ou São Silvestre, etc), porque segue a cartilha ditatorial do partido, que no Rio de Janeiro parece tratar o povo que nem gado.

Daí a superlotação dos BRTs com as linhas mutiladas. Daí as pessoas pegando ônibus errado por conta da pintura padronizada. Daí as rodas se soltando, os ônibus caindo em viadutos, ônibus da Zona Sul matando ciclistas, etc etc etc. A culpa de tudo isso é desse modelo decadente imposto há cinco anos.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

MATEUS SOLANO FAZ PROTESTO CONTRA SISTEMA DE ÔNIBUS DO RJ

Uma mensagem publicada pelo ator Mateus Solano no seu perfil do Instagram expressa a indignação contra o sistema de ônibus do Rio de Janeiro, que havia piorado nos últimos anos. A mensagem, embora pareça previsível, sugere críticas ao modelo implantado em 2010 e atualmente vigente, que inclui pintura padronizada, mutilação de trajetos e dupla função de motorista-cobrador.

"Hoje andei de ônibus, coisa que há tempos não fazia. Foi bom pra matar saudades. A qualidade do transporte público realmente não melhora, só o preço que aumenta", escreveu Solano, ilustrando a mensagem com uma selfie tirada no interior de um ônibus.

Aparentemente, ele parece dizer que tudo está na mesma, mas o discurso do texto requer uma interpretação mais sutil: ele alegou "matar as saudades" de passear de ônibus, o que indica que ele achava o sistema razoável, apesar dos defeitos (bem menos do que os de 2010 para cá).

Além disso, o contexto da mensagem de Mateus Solano é que, se o sistema de ônibus do Rio de Janeiro vigente desde 2010 fosse satisfatório, ele não teria escrito a mensagem. Semanas antes, o casal Joana Prado e Vítor Belfort também fizeram seu protesto nas mídias sociais.

Outro aspecto é que esse modelo tecnocrático e autoritário de sistema de ônibus é um reflexo da natureza antipopular do PMDB carioca, através de políticos como Eduardo Paes, Luiz Fernando Pezão e Carlos Roberto Osório, não muito diferente da natureza arbitrária do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, outro peemedebista do Rio de Janeiro.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

LICITAR PARA ESCONDER: CARLOS ROBERTO OSÓRIO QUER FARDAR INTERMUNICIPAIS PARA O RJ

SERÁ MAIS COMPLICADO IR PARA O RIO DE JANEIRO DE ÔNIBUS.

O grupo político de Eduardo Paes não desiste. Aliás, o PMDB carioca dá uma mostra de sua vocação autoritária, como mostra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que adota medidas antipopulares que atingem cidadãos dos oito aos oitenta.

O PMDB carioca tem como prática rasgar as leis, mesmo a Constituição Federal, e dar a falsa impressão de que está cumprindo as mesmas com rigor. Seus políticos têm a habilidade do discurso demagógico, dando a impressão de que suas arbitrariedades são "de acordo com o interesse público".

Isso é o mesmo que um estuprador dizer que só está praticando um ato de amor com a vítima e que ela apenas está agindo com nervosismo e pânico. Se o estuprador é boa pinta, o discurso então acaba soando convincente para os incautos.

Pois não bastasse o surto de pinturas padronizadas que simboliza a decadência dos sistemas de ônibus de várias cidades fluminenses, a partir da capital, Rio de Janeiro, e atingindo cidades como Niterói, São Gonçalo, Araruama, Cabo Frio, Teresópolis, Campos dos Goytacazes, Volta Redonda e até São João da Barra e, em breve, Nova Iguaçu, as linhas do Grande Rio para a capital serão as próximas vítimas.

O Secretário Estadual de Transportes, Carlos Roberto Osório - que, segundo dizem, é capaz de padronizar até uniformes de times de futebol, botando todos os times com um só uniforme representando a federação estadual - , agora quer fardar as linhas intermunicipais com uma "licitação" que acontecerá este ano.

A medida atingirá as linhas intermunicipais com destino ao Rio de Janeiro, urbanas e rodoviárias, o que inclui cidades como Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Maricá, Baixada Fluminense e outras administradas pelo DETRO.

Ultimamente o DETRO está envolvido em casos de corrupção e irregularidades administrativas, como a incapacidade de controlar casos como de linhas com o mesmo código, como 565D, dos ramais "Santa Rosa X Passeio" e "Venda das Pedras X Candelária", e 750D, dos ramais "Charitas X Gávea" e "Santa Rosa X Estácio".

MAIS BUROCRACIA, CUSTOS E CONFUSÃO

Embora haja rumores de que o DETRO amenizará a pintura padronizada com a descrição dos nomes das empresas nas laterais dos ônibus - paliativo feito em projetos mais recentes de PP - , já que o visual da pintura ainda está para ser decidido, a iniciativa já irá causar os prejuízos que se observa nas linhas municipais do Rio de Janeiro e outras cidades, como Niterói e São Gonçalo.

Isso porque, além da pintura padronizada causar confusão entre os passageiros e acobertar a corrupção das empresas de ônibus - sem falar que os consórcios, ao serem montados pelo Estado, atrelam os governantes aos empresários do setor - , haverá maior burocracia até na hora de transferir veículos de linhas intermunicipais para municipais.

É o que ocorre, por exemplo, com a Viação Pendotiba, de Niterói. Até pouco tempo atrás, a empresa não precisava repintar totalmente o ônibus para transferir da frota intermunicipal para a municipal, bastando apenas repintar ou recolocar a plotagem nos espaços referentes ao número do veículo.

Hoje, no entanto, o ônibus precisa ser totalmente repintado, por causa da transferência para uma cidade que adota pintura padronizada. Isso representa maior custo, porque o ônibus é todo repintado, o que pode refletir nas despesas que forçam os aumentos anuais das passagens.

Isso causou, recentemente, complicações no sistema de transporte da Grande Belo Horizonte, em que empresas envolvidas têm suas frotas "esquartejadas" pelas diferentes pinturas padronizadas adotadas pelos seus municípios e serviços. As empresas acabam jogando ônibus de um consórcio para servirem linhas de outro, e fica mais complicado e difícil repor os carros nessas condições.

Daí a maior burocracia que se tem em solicitar carros para reforçar frotas de consórcios ou tipos de serviços, o que gera também mais custos de repintura. E, na transferência de ônibus de linhas intermunicipais para municipais, ou de alguns municípios para outros, além da repintura há o registro do consórcio, sendo mais burocracia, pois não se trata apenas de uma renumeração de carro e seu registro privativo da empresa operadora.

Isso mostra que a "licitação" que prevalece no sistema de ônibus do Brasil, além de agir contra artigos legais - como a própria Lei de Licitações, o Código de Defesa do Consumidor e até a Constituição Federal, é feita para esconder e não para mostrar as empresas. Se seus defensores afirmam que a pintura padronizada traz transparência, com certeza estão mentindo.

A pintura padronizada traz mais burocracia, encarece o sistema de ônibus, dificulta a fiscalização e acoberta a corrupção empresarial. Para que insistir nessa iniciativa, se ela traz tantos prejuízos para a população e os benefícios só para os políticos e empresários? Usar BRT e ar condicionado como desculpa não vale.