domingo, 30 de junho de 2013

EDUARDO PAES DIZ QUE "NADA FOI FEITO ÀS ESCONDIDAS" NOS CONTRATOS PARA CORREDORES DE ÔNIBUS


O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, disse, em relação ao contrato de linhas de ônibus para o corredor TransOeste, que "nada foi feito às escondidas", apesar do processo ser feito sem licitação e das acusações que o "novo" sistema de ônibus favoreceu a formação de cartéis de empresas de ônibus.

Provavelmente, o prefeito carioca deve achar que "houve transparência" nos demais casos, quando vemos que, só a partir da pintura padronizada nos ônibus, a transparência não existe, porque são as mesmas máscaras que escondem uma Alpha, uma Pégaso, uma Braso Lisboa etc do público passageiro.

Já foi lançada a CPI dos Ônibus do Rio de Janeiro, juntamente com outras CPIs em Niterói, São Paulo e Curitiba, com o agravante desta última, antes tida como "potência em mobilidade urbana", o que diz muito do caducamento desse sistema baseado em pintura única, dupla função de motorista-cobrador e uma combinação alucinante de cumprimento de horários nos percursos e engarrafamentos nas ruas.

Portanto, a declaração de Eduardo Paes soa bastante duvidosa. Ele e Sérgio Cabral Filho são políticos sem qualquer tipo de confiabilidade. Tendenciosos, às vezes indicam que usam as leis como papel higiênico, pouco ligando para o interesse público que só defendem no discurso.

E ver que o sistema de ônibus está assim, com ônibus com lataria amassada e parafusos soltos, com irregularidades mil, enguiçando e sofrendo acidentes, tudo "protegido" por uma pintura padronizada, dá para perceber que esse discurso de "transparência" não faz o menor sentido. De transparência, só mesmo a do telhado de vidro.

sábado, 29 de junho de 2013

MANDEI MENSAGEM PARA O "CAOS CARIOCA"



COMENTÁRIO DESTE BLOGUE: Eu mandei mensagem para o sítio Caos Carioca, que fala dos problemas da cidade do Rio de Janeiro, e descrevi as desvantagens da pintura padronizada nos ônibus. A carta, até o momento desta edição, não foi publicada (o blogue faz moderação para comentários e acabei de enviá-lo para Jan, seu responsável), mas vale aqui publicá-la com exclusividade para este blogue.

Assunto: Questionando a "pintura única" dos ônibus do RJ

Prezado Jan,

O que eu quero escrever se baseia nos recentes episódios envolvendo o sistema de ônibus do Rio de Janeiro, primeiro pela onda de acidentes, tragédias e veículos enguiçados que tomaram conta da cidade, segundo pela mobilização popular que culminou no lançamento da CPI dos Ônibus na Cidade Maravilhosa.

Quero questionar aqui uma medida que ainda não é bem compreendida pela maioria da população, que é a da pintura padronizada (às vezes chamada de "pintura única") nos ônibus. Medida que é reprovada explicitamente por conceituados especialistas de mobilidade urbana, do nível de um Fernando MacDowell, experiente no ramo.

A medida é tida como "disciplinadora" e "organizadora" do sistema de ônibus, mas demonstra-se bastante caduca e decadente para ser vista como "novidade" na mobilidade urbana e no transporte coletivo. Consiste em adotar uma pintura padrão, caraterística do município ou da região de cidades correspondente, colocando diferentes empresas de ônibus para ter o mesmo visual.

A padronização visual dessas empresas, embora seja feita sob o pretexto da disciplina, demonstrou o contrário. A prometida "transparência" não pode ser vista numa medida dessas que, imposta em processos de licitação, praticamente esconde do cidadão comum as empresas vencedoras da licitação.

Este é o problema. Antes as empresas de ônibus não eram licitadas, mas cada uma mostrava a sua identidade visual própria, dando aos passageiros a certeza de qual empresa serve uma linha e como é o seu serviço. Hoje é o contrário, existe uma "licitação" que esconde as empresas do público. Que transparência é essa? Nenhuma, na verdade.

A prefeitura do Rio de Janeiro quer impor sua imagem e sua logomarca nas empresas de ônibus. Isso é ilegal, pois o sistema de ônibus é operado por empresas particulares, não é mais uma CTC a explorar pelo menos boa parte das linhas. E o regime é de concessão de linhas de ônibus, e com a pintura padronizada a prefeitura impõe sua imagem nas frotas, como se na prática a prefeitura concedesse as linhas mas "levasse" para si as frotas de ônibus.

Quem anda pelas ruas cariocas sabe que não existe qualquer tipo de vantagem, seja de ordem técnica, seja de qualquer outra natureza, que justifique que uma Real Auto Ônibus tenha a mesma pintura de uma Auto Viação Tijuca, por exemplo. Ou que uma Caprichosa Auto Ônibus, Transportes Estrela e Viação Redentor agora tenham o mesmo visual. E com toda a certeza o cidadão comum, o mais interessado no caso, é justamente o maior prejudicado.

Nesses três anos desse verdadeiro "baile de máscaras" do sistema de ônibus carioca, uma verdadeira farra com a boa-fé do cidadão, o que se viu foi um grande esquema de corrupção, em que os ônibus aparecem pintadinhos com a estampa "embalagem de remédio" da prefeitura do Rio, mas cuja documentação aponta irregularidades ou está vencida.


Além disso, houve casos de linhas de ônibus mudando de empresa e empresa mudando de nome e o povo carioca, aquele que pouco se cuida com a diferença entre um D53509 e um D58609 - sobretudo pela correria do dia-a-dia que faz até muito busólogo espertalhão pegar ônibus errados - , é o último a saber.

Muitas empresas ruins de ônibus se beneficiam com essa "maravilhosa" pintura padronizada porque podem ter a mesma pintura das empresas boas. O critério não é mais a empresa, mas o trajeto, tipo de ônibus etc. E é coincidência demais que, no Brasil, os primeiros casos de CPI dos Ônibus venham de cidades onde os ônibus se camuflam com uma mesma pintura para diferentes empresas: Rio de Janeiro, Curitiba, São Paulo e Niterói.

Em Brasília, a coisa é tão séria que existe empresa pirata que circula tranquilamente pelas ruas da capital federal com a mesma pintura padronizada dos ônibus "licitados". O que prova que essa medida, do contrário que se prega por aí, não traz qualquer tipo de transparência. Ela confunde os passageiros e favorece a corrupção político-empresarial. Deve vir aí CPI dos Ônibus nessa cidade, mas até o momento não tive notícia.

O que quero com isso é chamar a atenção para esse grave problema. Afinal, não serão 20 centavos nem ônibus de configuração avançada (articulados, com ar condicionado, com chassis de marcas suecas) que irão justificar essa pintura padronizada. Até porque cidades como Florianópolis têm esses ônibus e cada empresa exibe sua identidade visual própria. E olha que lá havia tido pintura padronizada, que foi corajosamente abolida na capital catarinense.

Tenho um blogue a respeito do assunto, MOVIMENTO PINTURA LIVRE (o título pede para que se libere a pintura própria de cada empresa de ônibus), cujo endereço é http://movimentopinturalivre.blogspot.com.br/ e que tem também comunidade no Facebook e hashtag no Twitter, cujos acessos estão no próprio blogue. Peço para você divulgar esse blogue para mais pessoas.

A pintura padronizada não traz transparência. Ninguém se beneficia com mascaramentos. Haver diferentes empresas de ônibus com a mesma pintura nada tem de vantajoso. Só confunde e mascara todo o sistema de ônibus. Defender isso é defender uma coisa que hoje está caduca, decadente, por mais que insista em manter o rótulo falso de "novidade".

sexta-feira, 28 de junho de 2013

CPIS DOS ÔNIBUS: SINAL DE QUE ALGO ESTÁ ERRADO


Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e Niterói vão ter CPI dos Ônibus.

Logo algumas das cidades que adotam o mesmo modelo de sistema de ônibus, a partir da capital paranaense, através do arquiteto e ex-político Jaime Lerner.

Isso é sinal de que alguma coisa está errada.

Se esse modelo fosse dar certo, haveria algum risco de CPI? Se esse modelo garantisse transparência, haveria chance de algum inquérito do Legislativo?

O modelo já se mostra bastante caduco, apesar de vendido como "novidade".

Afinal, além da pintura padronizada (ou pintura única) que esconde as identidades das empresas operadoras do sistema de ônibus e confunde os passageiros, outros aspectos nocivos fazem parte desse modelo "moderno".

É o caso da dupla função do motorista-cobrador, adotada sob o pretexto de uma bilhetagem eletrônica que nunca sai da promessa.

Ou de uma carga horária opressiva que faz com que os motoristas tenham que cumprir horário em cidades com muitos congestionamentos. Daí os ônibus correndo feito foguetes.

Há também outros aspectos, que são as irregularidades diversas, como ônibus circulando com documento vencido e, no caso de semi-novos comprados de outras empresas, muitas vezes só existe a documentação da empresa anterior, que reflete até no dado do município na chapa.

Portanto, se existe CPI, é porque algo está errado. E seriamente errado, porque se fossem erros pequenos, não haveria motivação para isso.

Havendo sérios erros, que é nesses "novos" sistemas de ônibus do Rio e de Niterói, inspirados nos (decadentes) de Curitiba e São Paulo, então há motivo de sobra para haver CPI.

Agora é torcer para que nenhuma dessas comissões termine em "pizza".

PINTURA PADRONIZADA: PALIATIVOS INÚTEIS


Por Alexandre Figueiredo

Vamos olhar bem longe para essas fotos. Esqueçamos os detalhes. A pintura padronizada confunde, e muito, porque a exibição dos logotipos das empresas de São Gonçalo (RJ), no caso a Viação Galo Branco e a Viação Estrela, representa um dos paliativos que não adiantam de forma alguma para o passageiro.

Na correria do dia a dia, nem sempre o ônibus "padronizado" pode ser reconhecido mesmo com tais paliativos. Exibir nome de empresa na janela é inútil, porque o nome se "perde" entre outros adesivos como o "selo verde", o adesivo do preço da tarifa e outros que vierem. E exibir nas laterais ou no letreiro digital o nome de cada empresa é um paliativo que só adianta quando visto de muito perto.

Mas é muita ingenuidade - e podemos dizer burrice da parte das autoridades - acreditar que os passageiros só pegam um ônibus esperando comportadinhos no ponto e recebendo o ônibus vendo sua parte dianteira.

Esse teatrinho de uma mobilidade urbana de conto de fadas nem sempre se concretiza na realidade. Na correria, as pessoas muitas vezes veem seu ônibus a uma boa distância, ou escondido entre tantos outros.Com a pintura padronizada, não há como reconhecer um ônibus visto de longe, por razões bastante óbvias. A pintura é a mesma.

Visto à distância, nomes de empresas, números de carros, letreiros digitais "desaparecem" como uma verruga de alguém que "desaparece" ao longe, quando muito virando um pontinho pequeno. Eu mesmo pude verificar que pintura padronizada é ruim mesmo com paliativos que "permitem" mostrar o nome de cada empresa.

Eu, nas minhas caminhadas em Icaraí, conhecida praia de Niterói, fui observar a Praia João Caetano (antiga Praia das Flechas) de um ângulo próximo à Rua Mariz e Barros. Passando os ônibus à distância, do consórcio Transoceânico, fica muito difícil ver se os "verdinhos" são da Viação Fortaleza, Expresso Miramar ou Viação Pendotiba.

A Pendotiba só fica "menos difícil" porque seus ônibus são mais longos que outros. Mas isso não é desculpa para a pintura padronizada, porque nada impede que uma Miramar venha com um carro do tamanho da Pendotiba, por exemplo.

Isso complica muito, porque o passageiro que fica esperando um ônibus sempre observa os que passam em um ponto mais distante na expectativa de se preparar para embarcar no ônibus desejado, quando ele se aproximar.

Também vi as tais empresas "padronizadas" de São Gonçalo no portal Ônibus Brasil, e também ficou difícil identificá-la nas miniaturas das fotos. Só mesmo clicando nas miniaturas para ver as fotos em tamanho satisfatório para reconhecer a empresa, citada também nos créditos técnicos. Mas se fica difícil reconhecer a empresa à distância, a pintura padronizada NÃO vale a pena.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

A HERANÇA AMARGA DE JAIME LERNER


Por Alexandre Figueiredo

O desgaste de um modelo autoritário de mobilidade urbana salta aos olhos, já começando a chamar a atenção dos manifestantes dos protestos populares que, nas grandes cidades, já começam a contestar esse modelo "moderno" que foi feito para motivos turísticos e políticos durante os eventos esportivos mundiais a serem realizados no Brasil em 2014 e 2016.

Esse modelo, baseado na concentração de poder da Secretaria de Transportes, na camisa-de-força dos consórcios, no fardamento da pintura padronizada das frotas de ônibus e numa lógica opressiva de serviço do transporte coletivo, demonstra-se cada vez mais caduco, embora ainda se encontre persistente.

Pois agora esse modelo, lançado pelo arquiteto paranaense Jaime Lerner no auge da ditadura militar, na condição de "prefeito biônico" (nomeado pela ditadura) de Curitiba, poderá ser prejudicado com as Comissões Parlamentares de Inquérito que pretendem se instalar em breve.

Em Curitiba, a primeira CPI do tipo vai se insaurar amanhã, para investigar o esquema financeiro das empresas de ônibus de Curitiba, empresas que os cidadãos da capital paranaense nem chegam a ter ideia exata quais são, porque a pintura padronizada há muito mascarou as mesmas, enquanto se limita a mostrar o nome de cada consórcio dentro de uma pintura que só varia conforme o percurso e o tipo de ônibus.

Há muito se fala em corrupção por trás dos transportes de Curitiba, oficialmente tido como o "melhor do mundo", mas cujo desgaste e decadência estão cada vez mais difíceis de esconder. Os curitibanos, aliás, estão muito irritados com a fama de "melhor do mundo", porque eles são os que mais sofrem com os transtornos diversos causados pelo esquema.

Há superlotação até mesmo em ônibus biarticulados, os motoristas vivem uma rotina de trabalho opressiva, as frotas passaram por um período sem muita renovação e, quando ela houve, causou um rombo nos cofres públicos e privados;

Como se isso não bastasse, o transtorno da pintura padronizada que já não garante transparência alguma, os números das frotas mais parecem sopas de letrinhas com uma combinação complicada de letras e números. Hoje adotar uma pintura padronizada que, em vez de mostrar as empresas de ônibus, exibe o visual determinado por prefeitura ou órgão estadual já não traz qualquer vantagem para a mobilidade urbana.

É certo que exibir a identidade visual de cada empresa - com sua pintura própria, seu logotipo e sua colocação de número - não vai melhorar o transporte coletivo, mas faz uma grande diferença na percepção do passageiro comum, que pode reconhecer qual a empresa que presta um bom serviço ou não.

Já a pintura padronizada, ao camuflar diferentes empresas com uma mesma pintura, que só varia por outros critérios (zona, tipo de ônibus, natureza do serviço etc), mascara as empresas dificultando a fiscalização pública. Ela não traz transparência, e o passageiro é sempre o último a saber quando empresas mudam de nome ou linhas mudam de empresas operadoras.

Quanto a outros aspectos da mobilidade urbana, já se questiona o caráter absoluto dos corredores exclusivos, das vias de BRTs, porque nem toda cidade tem a estrutura necessária para isso. Curitiba, Feira de Santana e Brasília, por exemplo, possuem essa estrutura, mas Niterói é um exemplo de cidade sem qualquer estrutura para construir pistas desse porte.

Autoridades, empresários e tecnocratas estão apavorados com a decadência do modelo de Lerner. Mesmo originário da ditadura militar - até a pintura padronizada de Curitiba se baseou nos ônibus das Forças Armadas - , ele ainda é vendido como "novidade" e há quem ache esse modelo de mobilidade urbana "progressista".

Tentam salvar o moribundo com maquiagens, quando na verdade o problema está no fato de que esse modelo está bastante caduco. Mas, paciência, os próprios políticos e tecnocratas que estão no poder já haviam se educado ideologicamente nos tempos do "milagre brasileiro".

Ônibus fardados, motoristas estressados, pistas exclusivas que forçam até mesmo a derrubada de habitações populares e áreas ecológicas, enquanto a falta de transparência desse modelo garante a corrupção.

A CPI vai tentar resolver o problema, embora não haja garantia total para isso. Em todo caso, é uma iniciativa que, em si, representa a herança amarga causada pelo modelo autoritário de mobilidade urbana de Jaime Lerner.

O maior temor é que as manobras politiqueiras possam apenas "arrumar" as finanças e tudo ficar como está, apenas "premiando" os incautos com ônibus "especializados" novinhos, passagens mais baratas, melhorias nos "bilhetes" e mais pistas exclusivas (mesmo com derrubada de áreas ambientais). Medidas em parte benéficas, mas são recompensas adotadas de maneira tendenciosa pelo poder político.

É o raciocínio dos poderosos: para Lerner, tudo, para o povo, nada. Que o povo fique aplaudindo os arbítrios que estão por trás de recompensas tendenciosas. E tudo isso garantido pela pintura padronizada das frotas de ônibus, esse verdadeiro "baile de máscaras" que desafia as atenções e percepções do povo que paga por um serviço ruim.

terça-feira, 25 de junho de 2013

DEPOIS DO MOVIMENTO PASSE LIVRE, O MOVIMENTO PINTURA LIVRE

Depois da força do Movimento Passe Livre, os movimentos sociais agora têm como causa o Movimento Pintura Livre, contra a pintura padronizada que esconde as empresas de ônibus dos olhos de quem é o maior interessado, o passageiro comum.

Não será por 20 centavos ou pela premiação de ônibus "especializados" que vamos aceitar ver empresas de ônibus diferentes se escondendo numa pintura igualzinha. Na correria do cotidiano, isso só faz confundir os passageiros e mesmo nomes de empresas se "perdem" nos dados de letreiros digitais e diante de tantos adesivos nas janelas dos ônibus.

Portanto, vamos mostrar que mobilidade urbana nada tem a ver com pintura padronizada que mostra logotipos de prefeituras ou órgãos estaduais, que cada empresa exibir sua pintura não é propaganda, mas transparência, para facilitar a atenção do cidadão que tem muitas outras coisas a fazer na vida. Daí o imediatismo das empresas exibirem suas identidades, uma medida que facilitaria e muito a vida dos brasileiros.

Vamos combater a pintura padronizada e aqui é um canal para a verdadeira mobilidade urbana, que prefere ter cara e coragem a se esconder em vergonhosas pinturas padronizadas.