quarta-feira, 21 de agosto de 2013

DIAGNÓSTICO DA PINTURA ÚNICA NAS CAPITAIS BRASILEIRAS

A curitibanização do transporte brasileiro, planejada pelo arquiteto, ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná, Jaime Lerner e adotada na maior parte das capitais brasileiras tem dado muita dor de cabeça a usuários e condenando a diversidade que tanto caracteriza o nosso país.

Na postagem de hoje, mostro a situação das capitais brasileiras com relação a uniformização da frota convencional (padronização de serviços especiais não são consideradas uniformização, também conhecida como "pintura única" ou "fardamento de frotas") ou não de suas pinturas, acompanhadas de comentários sobre a situação de cada uma. Como desconheço datas de adoção na maior parte das capitais, não colocarei informações referentes a isso nos textos. Vamos lá, começando da região e o estado onde eu moro. Coloco também que critério de variação na padronização que cada capital adotou.

REGIÃO SUDESTE:

- Rio de Janeiro (critério de padronização: por consórcio): Surpreendentemente adotado em 2010, sendo a última capital da região a adotar a antipática medida, apesar de planejado desde 1989, a uniformização da frota municipal desagradou a todos os usuários. Desde a adoção, do contrário das promessas das autoridades que impuseram na marra o sistema, problemas com ônibus só vem aumentando, gerando muitas reclamações e nada resolvendo os problemas de mobilidade. Graças a adesão do Rio de Janeiro, o Sudeste se tornou a única região onde todas as capitais uniformizam a frota.

- São Paulo (critério de padronização: por consórcio):  Há muitos anos uniformizando a sua frota, o sistema não permite a identificação de empresas, totalmente desconhecidas de quem não vive na cidade, apelidando qualquer uma de SPTrans. Recordista de reclamações, foi um dos primeiros a adotar o BRT (sem este nome) no país, mostrando que não basta um belo articulado, lindo de se ver, para resolver a mobilidade urbana como um todo. O fracasso do sistema paulista tem sido ignorado por quase todos, que não conseguem achar uma alternativa ao BRT para resolver os problemas de mobilidade sobre pneus

- Belo Horizonte (critério de padronização: por tipo de serviço): Também com muitos anos de uniformização, adotou recentemente um novo uniforme, bolado pelo designer e busólogo Armando Vilela, mais bonito que o anterior. Usuários não tem grandes problemas porque o critério de variação de cores por serviço confunde menos, apesar de acabar com a fiscalização feita diretamente pela população, que não identifica as empresas.

- Vitória (critério de padronização: por tipo de serviço): Não conheço muito o sistema de Vitória e também não encontro informações detalhadas sobre o mesmo. Me parece que a variação se dá por serviço. Há uma pintura diferente, mais bonita que não é da capital e sim da cidade de Vila Velha, mas que circula predominantemente na capital.

REGIÃO SUL:

- Curitiba (critério de padronização: por tipo de serviço): É o berço dessa pataquada toda. Daí que surgiu toda essa história. Famoso por ser o "melhor sistema de ônibus do país", o sistema foi considerado pelas autoridades um modelo a ser exportado, para outras cidades e até outros países. Mas já dá muitos problemas para os usuários locais, algo que até então era cuidadosamente escondido da mídia, para poder manter a sobrevivência do mito de "melhor sistema".

- Porto Alegre (critério de padronização: não varia): Junto com a capital do Acre, Rio Branco, é a detentora da pintura padronizada mais feia do país. Não tenho informações sobre a qualidade do serviço.

- Florianópolis (sem padronização): A cidade onde eu nasci é, heroicamente, a única capital a ir na contramão do modismo e abolir a padronização (que era variada usando o critério de empresas, como em Aracajú), valorizando a diversidade visual e a identificação de empresas. É a única cidade a adotar o BRT sem uniformizar a frota. Apenas o serviço de executivo te padronização, pois em serviços especiais, a padronização é tolerada, como acontecia no RJ no metrô-ônibus ou no antigo Grande Circular de Salvador.

REGIÃO CENTRO-OESTE:

- Brasília (critério de padronização: desconhecido): Outra a usar a padronização por muito tempo, é o sistema campeão de irregularidades, tendo a peculiaridade de ter ônibus piratas disfarçados na frota principal. usuários sofrem com lotação e carros muito antigos (a renovação de frota é escassa), algo coerente com a cidade dos políticos corruptos. O sistema está em fase de mudança e deverá adotar o terceiro uniforme. Não conheço o critério de variação de cores das pinturas, critério que também pode mudar com o novo sistema.

- Goiânia (critério de padronização: não varia): Com pintura muito semelhante ao que o Rio de Janeiro usou no consórcio Internorte, o sistema tem boa renovação de frota, sendo o primeiro a adquirir a nova geração de Apache Vip, que é sucesso em todo o país (principalmente em Niterói, onde eu moro). Não tenho informações sobre o sistema, que já possui BRT rodando em seu território.

- Campo Grande (critério de padronização: desconhecido): Sem muitas informações sobre o sistema, a não ser o fato de que a atual identidade do uniforme é bem recente. O sistema está em fase de alteração e pode não mais servir o centro da cidade, que poderá se tornar proibida para ônibus.

- Cuiabá (sem padronização): A única da região a não ter uniformização de pinturas no momento. Sem informações sobre o sistema.

REGIÃO NORDESTE:

- Salvador (critério de padronização: parcial, por empresa): Acontece, na capital baiana uma coisa curiosa: oficialmente não há padronização. Mas muitas empresas, por conta própria, resolveram padronizar as suas pinturas na intenção de diminuir custos, optando por um branco básico e a plotagem de um logotipo, variando apenas na pintura das rodas e para-choques. Há uma minoria de empresas que não aderiu à padronização. Serviços especiais tem pintura própria. O Grande Circular, que antes era caracterizado por uma pintura só para o serviço, agora roda com carros sem pintura, como na frota convencional. Apesar de ter sido muito ruim na segunda metade da década de 90, tem melhorado um pouco nos últimos 5 anos, com boa conservação e constante renovação de frota. Está em fase de licitação e há grande risco de uma adoção oficial de uniformização de frota.

- Recife (sem padronização no serviço convencional - adotada apenas em serviços especiais): Embora a capital pernambucana tenha diversidade visual, a maior parte da frota integra um serviço especial de integração de terminais, conhecido como SEI , dando a ilusão de que a frota nesta capital é uniformizada (a nossa análise se refere a frota que opera linhas convencionais). Mas as linhas convencionais (não integradas) continuam ostentando identidade própria das empresas.

- Aracajú (critério de padronização: por empresa): Para uma capital pequena, o serviço é bem elogiado e organizado. Apesar de padronizada, ela utiliza, como critério de variação, a identificação das empresas, o que facilita muito os usuários. Cidades como São José dos Campos utilizam este critério, que é quase como uma padronização relativa, pois as empresas continuam sendo identificadas.

- Maceió (sem padronização): Com um serviço razoavelmente elogiado, caracterizado, como Recife, por ônibus bem longos, Maceió se orgulha de uma frota com diversidade visual, admirada até por usuários, segundo amigos meus que moram na capital alagoana.

- João Pessoa (critério de padronização: parcial, por consórcio): Apesar de algumas empresas ainda adotarem diversidade visual, umas se reuniram em consórcios e uniformizaram seu visual. Não tenho confirmação disso, mas parece que funciona desta forma. Sem mais informações.

- Natal (sem padronização): Caracterizado pelas pinturas mais bonitas da Região Nordeste, tem um sistema bem organizado e valorizado pela diversidade visual. Sem mais informações.

- Fortaleza (critério de padronização: não varia): Recentemente saída de uma nova licitação que a dividiu em consórcios, é caracterizada por uma unica pintura em todo o sistema, sem qualquer variação. A vantagem é que os logotipos das empresas são destacados na pintura. O sistema é bem falho, mas deve sofrer alterações com o resultado desta licitação.

- Teresina (critério de padronização: não varia): Curiosamente adotada ao mesmo tempo que no Rio de Janeiro, a padronização se caracteriza pela reconstituição da extinta estampa da empresa carioca Matias, com um verde monocromático. Não tenho informações sobre o sistema (assim como não tenho informações sobre qualquer coisa relacionada a capital piauense).

- São Luiz (critério de padronização: desconhecido): Caracterizada por uma pintura bem feia e cheia de desenhos que desorganizam a estampa, se mostra um sistema desleixado e com uma frota predominantemente antiquada. Sem mais informações.

REGIÃO NORTE:

- Manaus (critério de padronização: distribuição dos lotes de linhas): Recentemente, o sistema de ônibus de Manaus chegou a um recorde: a maior renovação de frota, em quantidade ocorrida em um único período em toda a história do transporte brasileiro, com mais de 550 carros de uma só vez. A aquisição envolve ônibus de última geração com os mais recentes modelos de chassis e carrocerias. Há promessa de melhoria no sistema como um todo.

- Belém (critério de padronização: por consórcio): Com renovação constante de frota, os sistema de Belém também se encontra em reestruturação. Não tenho mais informações a respeito.

- Palmas (critério de padronização: não varia): houve renovação recente de frota. Sem mais informações.

- Rio Branco (critério de padronização: por empresa): Como em Salvador, a pintura é uma só, mas a diferença se nota no para-choque, com cada empresa sendo representada por uma cor. Renovação de frota regular. Sem mais informações.

- Boa Vista (critério de padronização: por empresa): Com pintura parecida com a paulistana, há variação por empresa, com uma cor para cada. Frota antiga. Sem mais informações.

- Porto Velho (sem padronização): Frota antiga, com predominância de veículos usados. Sem mais informações.

- Macapá (sem padronização): A capital do Amapá surpreende pela frota renovada e por belas estampas de pintura, coisas típicas das grandes cidades em que há diversidade visual. Não tenho mais informações além disto.

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