Contrariando
os mitos que os defensores da padronização visual dos ônibus tanto
dizem, a padronização visual dos ônibus brasileiros praticamente
estimula a poluição visual dos ônibus, desnorteando os passageiros mais
comuns.
É bom deixar claro que nem todo mundo tem essa facilidade
quase automática de busólogos-pelegos em reconhecer os ônibus até na
cabra-cega ou no amontoado de empresas diferentes com a mesma pintura.
Temos
gestantes, idosos, deficientes físicos, que não podem ter a atenção
para diferir, nas ruas do Rio de Janeiro, o que é uma Acari ou uma
Matias, uma Bangu ou uma Pégaso, uma Braso Lisboa ou uma Real, uma
Caprichosa ou uma Futuro. Da mesma forma que existem semi-analfabetos
que reconhecem a empresa pela cor e se confundem facilmente.
Mas
mesmo pessoas com muitas tarefas para fazer, de office-boys cheios de
documentos e carnês para pagar até professores com aulas complexas para
preparar para os alunos, que podem reconhecer facilmente um ônibus, não
deixam de estarem sujeitos à confusão.
Só que não se trata de
apenas confundir o visual padronizado. A questão piora cada vez mais
quando se vê que as informações de consórcio, do complexo e confuso
número do carro - em que um B75560 pode ser confundido por um D87560, ou
um D53565 por um D58565 - e do nome da empresa em letras miúdas.
Em
São Paulo, no entanto, a poluição envolve o logotipo do consórcio, o
nome miúdo da empresa e outras informações que são amontoadas no ônibus,
de forma a não serem reconhecidos de longe pelo passageiro.
A
única coisa que se reconhece, dessa "salada" de palavras e números, é o
logotipo da prefeitura da capital paulista, que é o propósito maior
dessa padronização visual: criar uma imagem que não é a da empresa que
serve a linha, mas a do poder político que intervém, de forma
autoritária e tecnocrática, no transporte coletivo, sem benefícios reais
para os passageiros.
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