terça-feira, 8 de outubro de 2013

DESEJAR MELHORIAS NO TRANSPORTE É OFENSIVO?

Recebemos um comentário de um busólogo carioca que se referiu a este site como "ofensivo". Vamos poupar o nome dele para evitar problemas. Mas vale destacar que a intolerância é um hábito comum dele, já que no seu perfil em uma rede social ele colocou como frase de efeito uma apologia à intolerância religiosa, esta sim bem ofensiva.

O que há de ofensivo em nosso blogue? Aqui não temos a intenção de ofender ninguém. Apenas de fazer duras críticas a decadência do transporte, estimulada pelo aumento do poder das autoridades na gestão do transporte, impedindo qualquer forma de fiscalização que não venha dos braços truculentos de prefeituras  governos comprovadamente incompetentes em relação a gestão do transporte.

E o que isso tem de ofensivo? Nada. Aprendi que temos que ser duros com quem é mole. Temos que criticar mesmo, e com a dureza necessária para fazer com que a teimosia tão comum nos defensores da decadência de qualquer coisa, para ver se melhoramos alguma coisa. se fazemos os teimosos empacados a saírem do seu lugar.

Não quero julgar a opinião desde tal busólogo. Nem sei quais as intenções dele em defender algo que - pelo menos para os usuários - é visivelmente retrógrado e defeituoso. Mas o que se sabe é que busólogos não costumam ser focados na qualidade dos serviços de transporte. Admiram os ônibus como se fossem uma Ferrari: é lindo, é possante, o resto não interessa. Por isso não hesitaram em aprovar os novos sistemas de transporte, baseados na fórmula pronta de 40 anos atrás como "revolução do transporte" na década atual.

Até mesmo se as críticas forem dirigidas aos busólogos, o que tem isso de ofensivo? Ninguém aqui está fazendo acusações falsas! Ofensa é o escudo de defesa dos que não querem pensar. Para quem não quer melhorar o seu ponto de vista, é muito fácil acusar os outros de ofensivos. Fácil e conveniente, pois com a acusação, pode ser criar uma oportunidade de punição, como forma de vingança à crítica não aceita.

Espero que a polêmica pare por aqui. Mas estou tranquilo. Este site não foi feito para busólogos e sim para os usuários de transporte, cansados de utilizarem serviços que a cada dia só pioram, embora sejam maquiados com frescões, articulados, pisos baixos, híbridos que na verdade não passam de cobertura doce a cobrir o amargor desse bolo podre vendido como vanguarda.

Se acham que estamos sendo ofensivos, tudo bem. Mas não nos processem, pois se usarem melhor o discernimento (e não a credulidade), verão que este blogue quer mesmo é que as autoridades recebam as críticas por um serviço que deveria ser bom e NÃO ESTÁ SENDO. Não é favor nenhum melhorar o transporte e sim uma obrigação garantida por lei. Obrigação que está sendo negligenciada.

Quanto aos busólogos, se não gostam deste site, simplesmente não leiam, vão cuidar de seu hobby. O que é dito aqui não é de seu interesse. Se fosse, vocês apoiariam essa luta por um transporte melhor, ao invés de ficar nos acusando de ofensivos, coisa típica de quem teve o orgulho ferido.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

AUTORIDADES USAM PINTURA PADRONIZADA PARA ENGANAR A POPULAÇÃO

Depois do autoritarismo explícito da Prefeitura do Rio de Janeiro, que adotou a pintura padronizada nos moldes abertamente ditatoriais de Curitiba e São Paulo, outras prefeituras tentam camuflar a arbitrariedade com paliativos feitos tão somente para enganar a população.

É o caso de Niterói, em que a prefeitura vetou o direito de cada empresa de ônibus apresentar sua própria identidade, mas permitiu que coisas pequenas e que de longe são imperceptíveis, como colocar nome de empresa de ônibus em janelas ou letreiros digitais e "personalizar" placas de itinerários de linhas (algumas mais ilegíveis que bulas de remédios).

Além da antiga capital fluminense, São Gonçalo adotou a medida, paliativa e inútil, de exibir o logotipo de cada empresa nas laterais e janelas dos ônibus, algo que não se resolve de forma alguma o problema da confusão, uma vez que, vistos de longe, os logotipos não passam de meros rabiscos aleatórios.




EM SÃO GONÇALO, LOGOTIPOS DE EMPRESAS EXPOSTOS NA PINTURA PADRONIZADA SÃO MEROS "RABISCOS" QUANDO VISTOS DE LONGE E NÃO RESOLVEM O PROBLEMA DA CONFUSÃO PELOS PASSAGEIROS COMUNS.

É como, por exemplo, um motorista colocar na janela dianteira logotipos de revendedoras de chassis ou frases religiosas, algo que, em outros tempos, era usado nos ônibus de todo o país. São coisas pequenas, imperceptíveis.

AUTORITARISMO "DEMOCRÁTICO" E "INTERATIVO"

Agora o aspecto mais ridículo foi adotado pela Prefeitura de Araruama, que, para disfarçar o natural autoritarismo da pintura padronizada, lançou uma campanha "interativa" para os cidadãos "escolherem" a pintura padronizada a ser adotada, em três modelos em que os "bastões" colocados sobre as janelas laterais dianteiras são influenciados pela "estética" carioca.

É como rir da cara das pessoas e tratar o passageiro comum como se fosse otário. Imagine se a moda pega e a Prefeitura do Rio de Janeiro lança uma enquete para os internautas escolherem qual o melhor tempero para o gás de pimenta a ser atirado nos olhos dos manifestantes que nos últimos meses fazem intensos protestos contra a politicagem dominante no Estado?

Provavelmente, a Prefeitura de Araruama também fará seus paliativos, colocando nome de empresa em janelas ou letreiros digitais, como se isso fosse resolver os problemas da confusão ou garantisse mais transparência na medida da pintura padronizada. A experiência mostra que tais paliativos em nada resolvem em relação a tais problemas.

EMPURRANDO AÇÕES JUDICIAIS COM A BARRIGA

Já existem ações judiciais contra a pintura padronizada nos ônibus. No Rio de Janeiro e em Niterói, haviam sido lançadas ações no Ministério Público contra a pintura padronizada, que no entanto foram contestadas pelas autoridades através de argumentos inconvincentes.

No Rio de Janeiro, a desculpa utilizada foi o "reordenamento do transporte" e que a identificação dos ônibus se daria através do código numérico de cada veículo, essa "sopa de letras e números" que confunde e desnorteia os passageiros já em seus muitos compromissos pessoais.

Em Niterói, a desculpa, que também cita o "reordenamento do transporte", já dá ênfase ao "desvínculo de imagens das empresas" e a identificação por "zonas", embora não fizesse menção aos paliativos de exibir nomes de empresas em janelas ou letreiros ou na personificação das placas de itinerários.

As autoridades adotam desculpas inconvincentes, que no entanto são acatadas pelos advogados do Ministério Público. O grande problema é que a pintura padronizada está relacionada com a corrupção nas empresas de ônibus, favorecidas pelo fato de que empresas diferentes estão agora com o mesmo visual.

Chegou-se a haver uma CPI dos Ônibus no Rio de Janeiro, mas ela foi sabotada por aqueles que eram contra a comissão e estavam ligados não só ao grupo político de Eduardo Paes e Sérgio Cabral Filho, mas também a grupos milicianos. Em Niterói, a CPI continua, mas parece rumar também para uma postura "chapa-branca" mais sutil que a da CPI carioca.

INDIGNAÇÃO - Nas ruas, a população começa a expressar sua revolta contra a pintura padronizada. Nas redes sociais, na realidade das ruas, nas faculdades, as pessoas já desconfiam da medida, vendo nela uma forma de acobertar a corrupção das empresas de ônibus e de ludibriar a população.

Mesmo a aquisição de ônibus especializados - como BRTs, articulados ou com ar condicionado - ou demagógicos congelamentos ou reduções de passagens consegue convencer. As autoridades que defendem a pintura padronizada também não enganam com a postura de pretenso paternalismo, tentando parecer boazinhas com a população.

A pintura padronizada, portanto, torna-se uma medida impopular, ineficaz e inútil, além de ser prejudicial para aquele que é o maior interessado do transporte coletivo: o passageiro comum, que pega ônibus todo dia e sabe que pintar diferentes empresas de ônibus não vai resolver os problemas vividos diariamente no sistema.

Afinal, ninguém em sã consciência vai tratar carimbos de prefeitura como "santos milagreiros" da mobilidade urbana. O povo sabe que a pintura padronizada não passa de um mero véu para acobertar a corrupção político-empresarial que faz agravar as conhecidas irregularidades dos sistemas de ônibus das grandes cidades.