quarta-feira, 30 de setembro de 2015

UNIVERSITÁRIOS TAMBÉM SERÃO PREJUDICADOS COM MUDANÇAS EM LINHAS DE ÔNIBUS NO RJ

Não são somente os moradores pobres da Zona Norte os maiores prejudicados com o esquema de mudanças de linhas de ônibus a ser implantado no próximo mês, extinguindo a ligação direta entre Zona Norte e Zona Sul.

Mesmo as elites que usam ônibus e os trabalhadores que transitam entre as duas zonas serão prejudicados com a "racionalização" das linhas que obrigará os passageiros a pegar mais de um ônibus e, com isso, enfrentar a superlotação e a perda de tempo nos terminais de baldeação.

Os universitários que moram na Zona Sul e estudam em campus universitários localizados na Zona Norte, como o Campus do Maracanã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), também serão prejudicados com as mudanças das linhas.

Uma das linhas envolvidas, a 455 Méier / Copacabana, que atende à área, terá seu percurso reduzido à Candelária. As linhas 456 e 457, como algumas para a Praça Barão de Drumond, terão percurso reduzido para o Mourisco, em Botafogo, ou para o Largo do Machado, não liberando os estudantes de baldeação para os lotados BRTs.

A complicação no deslocamento dos estudantes poderá influir na perda de rendimento escolar, além dos atrasos às aulas ministradas nas faculdades. Isso complicará o aprendizado, até porque o deslocamento apressado para não fazer perder a validade do Bilhete Único, usado na baldeação - que, com duas horas e meia de duração, "morre" ainda no trajeto do primeiro ônibus - será corrido.

Com isso, haverá falta de conforto - dificilmente o passageiro que viaja sentado no primeiro ônibus terá a mesma condição no segundo - e o estresse que fará o estudante ficar cansado e indisposto à assistir às aulas e a realizar as tarefas determinadas pelos professores.

As mudanças de linhas cariocas causarão, assim, um gravíssimo prejuízo, além de dificultar o deslocamento dos pobres da Zona Norte. Com os congestionamentos e atrasos, a mudança do sistema trará mais desemprego e complicará a formação acadêmica e profissional dos futuros cidadãos cariocas.

PUC - Universitários que vivem na Zona Norte e estudam no campus da Pontifícia Universidade Católica, na Gávea, também serão prejudicados com as mudanças, mesmo quando a redução do itinerário ainda se manter na Zona Sul, como na Rua Siqueira Campos, em Copacabana, e no Largo do Machado e Mourisco, este em Botafogo.

Afinal, toda baldeação é incômoda e, ainda que o impacto das reduções de itinerários, neste caso, fossem menores do que em relação ao Centro, eles acontecerão e os atrasos serão inevitáveis. A própria baldeação também causará estresse, e o rendimento nos estudos será igualmente comprometido.

sábado, 19 de setembro de 2015

MUDANÇA NAS LINHAS DA ZONA SUL NÃO RESOLVERÁ VIOLÊNCIA NAS RUAS E PRAIAS

Limitar o acesso da população da Zona Norte para as praias da Zona Sul, através do fim das linhas diretas entre as duas zonas e com o paliativo da praia artificial do entorno de Madureira, não irá resolver o problema da violência nas ruas e praias de bairros como Copacabana, Ipanema e Leblon.

Hoje houve vários arrastões em Ipanema, além de um incidente em um ônibus da linha 476 Méier / Leblon, em que menores derrubaram as janelas e depois foram detidos pela polícia. Vinte ladrões saquearam uma loja, assaltaram os vendedores e depois renderam uma pedestre e levaram vários objetos de valor, no Humaitá.

O esquema de linhas, que restringirá os trajetos de linhas da Zona Norte para a Zona Sul, hoje ainda em circulação, para os já tumultuados pontos de ônibus da Candelária, sobrecarregando não só a área como também a Central, outro terminal de embarque para a Zona Sul, representará uma incômoda baldeação para BRTs superlotados, o que desestimulará a população da Zona Norte, geralmente portando objetos como boias, toalhas e até mesmo marmita - que valeu a essas pessoas o rótulo de "farofeiros" - a se deslocarem de ônibus para essas praias.

Só que a dificuldade a ser imposta a partir de outubro, quando haverá a redução gradual de trajetos de ônibus, que já afetará linhas principais - 455, 474 e 484 encerrarão seu percurso na Av. Pres. Vargas, junto à famosa igreja - , nem de longe afastará a violência que as elites da Zona Sul atribuem, com generalizado preconceito, às populações pobres que frequentam as areias das praias.

Em primeiro lugar, porque os vândalos e bandidos não se sentem preocupados em fazer baldeação por ônibus e ir para as praias cometer seus habituais crimes. Eles, que furtam ou roubam carteiras e dinheiro com muita naturalidade, não sentem medo em cometer assaltos ou furtos, e saltar em qualquer ponto e arrecadar o que podem para pegar outros ônibus para chegarem às praias. Eles já estão acostumados com muito mais baldeações do que as previstas para o próximo mês.

Em segundo lugar, porque duas grandes favelas já existem, entre tantas outras na Zona Sul, como o Pavão-Pavãozinho e a Rocinha. Quanto a esta favela, situada em São Conrado, seu cenário chega a assustar pela alta presença de construções degradadas que a exclusão imobiliária empurrou para muitos pobres cariocas. E é um dos cenários de maior ocorrência de violência, com episódios trágicos que ocuparam os noticiários nacionais.

Além disso, até mesmo para pessoas de bem a baldeação nas linhas causará revolta, porque embarcar no segundo ônibus quase nunca garante a comodidade e o conforto de quem vem do primeiro ônibus. Com isso, o morador do Méier, Usina, Olaria e Jacaré que pegar sentado o ônibus para a Candelária, dificilmente irá sentado para o ônibus BRT da Candelária para a Zona Sul.

Com isso, mesmo a revolta, associada à baixa escolaridade, poderá complicar ainda mais as coisas, pois alguns pobres, proibidos de serem cariocas dentro da própria cidade do Rio de Janeiro, poderão reagir com vandalismo diante de tão grande restrição. São casos raros - a maioria dos pobres é gente de bem - , mas podem gerar sérios danos contra o bem público.

O atual sistema de ônibus do Rio de Janeiro é, por sua própria natureza, desprovido de funcionalidade e complicado em seus aspectos e medidas. As autoridades prometem descomplicar, mas como é que elas poderão fazer isso se elas mesmas é que impõem essas complicações? Descomplicar o complicado é bem mais complicado, quando a complicação faz parte do processo. 

sábado, 12 de setembro de 2015

POLÍTICO DA DITADURA MILITAR PLANEJARÁ PADRONIZAÇÃO VISUAL DE LINHAS METROPOLITANAS DO RJ

ACIDENTES COMPROVAM DESGASTE DO SISTEMA DE ÔNIBUS IMPLANTADO POR JAIME LERNER EM CURITIBA.

A tão temida pintura padronizada nos ônibus intermunicipais com destino Rio de Janeiro, anunciada pelo secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osório - uma das expressões do PMDB carioca, nacionalmente simbolizado pelo deputado Eduardo Cunha - , terá como planejador o próprio Jaime Lerner, que foi prefeito biônico de Curitiba durante a ditadura militar.

Filiado à ARENA, Lerner se formou em Arquitetura quando a Universidade Federal do Paraná tinha como reitor Flávio Suplicy de Lacerda, que, como ministro da Educação do governo do general Castelo Branco, planejou a substituição da UNE por uma entidade estudantil ligada ao regime militar e tinha em mãos um plano para privatizar as universidades públicas.

Lerner, espécie de Roberto Campos do transporte coletivo (em alusão ao famoso economista que impôs o arrocho salarial e determinou a queda do poder de compra dos trabalhadores), planejou o famoso sistema BRT para o transporte coletivo em 1974, como resultado de um plano elaborado durante o período do general Emílio Garrastazu Médici.

O plano foi adotado em Curitiba, na qual Lerner foi prefeito-biônico (nomeado pela ditadura), em duas etapas, em 1974 e 1982, quando ele já era governador do Paraná. Na segunda etapa, Lerner lançou os famosos ônibus articulados.

Como político, Lerner, descontando a imagem glamourizada de arquiteto urbanista - apesar dele seguir a mesma diretriz ideológica de Roberto Campos na Economia, que valeu a este o apelido pejorativo de Bob Fields - , é famoso por ser um governante corrupto e privatista obsessivo.

Lerner chegou a ser condenado por improbidade administrativa, mas como nesses casos de impunidade aos poderosos, ele foi "inocentado". Ele também é famoso por sempre ter feito péssimas políticas salariais para os trabalhadores e por ter feito medidas contrárias às necessidades das classes populares.

Lerner também foi padrinho político de José Richa (já falecido), acolhendo-o quando ele vinha de Londrina, no interior paranaense, para criar reduto político na capital do Estado. Recentemente, seu filho, o hoje governador paranaense Beto Richa, ordenou uma violenta repressão contra professores em greve, que gerou grande repercussão nacional.

Quanto às linhas a serem "trabalhadas" por Lerner, elas envolvem importantes linhas urbanas e executivas ligando municípios como Niterói, São Gonçalo e a região da Baixada Fluminense com destino para a cidade do Rio de Janeiro.

O sistema de ônibus imposto por Jaime Lerner e ancorado na pintura padronizada nos ônibus, redução de ônibus em circulação e outros artifícios sofre hoje um grave processo de decadência, com denúncias de corrupção empresarial, favorecida pela proibição da identificação visual.

O sistema de ônibus de Curitiba e sua região metropolitana piorou a ponto de ter aumentado o trânsito de automóveis nas suas ruas e avenidas, e a corrupção político-empresarial é tanta mas não é devidamente divulgada pela imprensa porque os empresários de ônibus impõem censura aos jornalistas de lá.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

PRAIA ARTIFICIAL EM MADUREIRA GERA POLÊMICA

"Separados, mas iguais"? Embora aparentemente bem intencionado, o projeto de uma praia artificial no Parque Madureira, com uma extensão que vai do Turiaçu (onde se situa o Viaduto Pref. Negrão de Lima) a Rocha Miranda, vem justamente no momento em que os acessos por ônibus da Zona Norte para a Barra da Tijuca e Zona Sul foram dificultados com a baldeação de "alimentadoras" e "troncais" para forçar o Bilhete Único e obrigar, ironicamente, até os mais pobres a gastar mais de uma passagem.

Portanto, a medida causa uma grande polêmica, já que muitos perguntam se ela é o atendimento às necessidades de lazer da população da área - ou de bairros como Méier, Del Castilho e Engenho de Dentro, que também utilizarão a nova praia - ou se é uma forma de segregação social, para justificar o afastamento da população das periferias das praias da Zona Sul.

No próximo mês, as linhas da Zona Norte, em sua maioria, deixarão de se destinar à Zona Sul, limitando seu ponto final à Candelária. Algumas linhas se destinarão ao Mourisco, Largo do Machado e Rua Siqueira Campos (Copacabana), mas já circulam com frota reduzida e exigem longa espera para o embarque. A praia artificial será inaugurada no dia 12 do mesmo outubro, como "consolo" para a população da Zona Norte, que no entorno da Av. Brasil já possui o Piscinão de Ramos.

Resta esperar se vai surgir também um cenário de Bossa Nova em Madureira, de preferência sem a participação dos canastrões que fazem o "pagode romântico" desde o final dos anos 80.