Porque
ninguém me ouve quando eu alerto antes do problema aparecer? Vão
esperar os soldados saírem do cavalo de Troia matando todo mundo para
depois reclamar? Porque não prevenir erros? Porque não ser prudente? Eu
sabia que esse tal de BRT significaria muito mais erro do que acerto,
antes mesmo de sua implantação.
E
agora, depois dos grandes estragos que vem fazendo no sistema do Rio,
só agora a população reconhece que o BRT, esse sistema pomposo de ônibus
articulados lindos em vias lindas e que só servem para serem utilizadas
pelas autoridades como propaganda política, não serviu para o Rio de
Janeiro.
O
direito de ir e vir, garantido no papel da lei, deixou de ser garantido
na prática. Um festival de erros foram colocados por irresponsabilidade
das autoridades, sobretudo do prefeito do Rio, Eduardo Paes, integrante
do autoritário PMDB, um advogado que pensa que entende de urbanismo,
transformando o sistema de ônibus do Rio numa espécie de caos
organizado, que se alastra por todo o estado. Infelizmente, outras
autoridades do estado e de outros, confiantes no prestígio da capital
cultural do país, gostaram da ideia e resolveram imitar Paes e implantar
os mesmos erros em suas cidades.
Inspirado
em Curitiba - que tem o sistema pomposo de ônibus que deveria ser só
seu - Paes decidiu implantar o BRT, recorrendo a consultoria de seu
criador, o filhote da ditadura militar Jaime Lerner. E como é um sistema
criado na ditadura, ele foi implantado como na ditadura, sem consulta
popular, com fardamento que esconde a identidade das empresas que
venceram uma licitação mais do que fraudulenta e cheia de erros e
irregularidades. A população teve que engolir o que lhe foi implantado
na marra, empurrado goela abaixo.
A extinção dos ônibus
Mudou
números de linhas, pontos finais, itinerários, encurtou trajetos, fez
uma verdadeira bagunça no sistema. Seu governo, que já é totalmente
desastroso - e que permitiu a reeleição não se sabe porquê - teve que
gerar um sistema de transporte igualmente desastroso. De bom, apenas a
implantação do VLT no centro e o fim da horripilante perimetral que,
pasme, irritou muitos "sem noção". Tirando estas duas coisas, Paes só
cometeu erros.
E
O BRT é um deles. Teve que destruir casas, monumentos, etc.. Até um
parque ecológico teve que dar lugar as minhocas de aço de cor azul. E
com as minhocas circulando, vieram mudanças que só pioraram o sistema,
acabando com o direito de ir e vir do cidadão.
Para
piorar, inventaram um cartão-cilada chamado "Bilhete Único", com limite
de tempo (pra quê? Quero limite e 24 horas para o cartão: ou seja, sem
limite de utilização!) em uma cidade que só vive engarrafada e que
claramente mostra que automóveis sempre serão prioridade no trânsito (é o
meio de transporte dos políticos e de seus amigos, que nunca andam de
ônibus). Aliás, o fato de nunca precisar de um ônibus permitiu que Paes
bagunçasse tudo, pois não seria ele a sofrer as consequências de seus
próprios erros.
A
população reclama, e com justiça e razão, do fim de muitas linhas
diretas. Há rumores de que os ônibus do Rio serão extintos para dar
lugar a BRT e seus "alimentadores". Pessoas já estão tendo que andar
distâncias longas para sair de seus lugares até os pontos de ônibus.
Erros
não param de aparecer e vão continuar aparecendo. A população
continuará a sofrer para se deslocar. Mas é tarde e os erros são
difíceis de se consertar. São até reversíveis, mas isso envolve muitos
custos e muita burocracia. E para cerejar o bolo fecal, Paes já está
confirmado como professor de urbanismo, para ensinar os outros a cometer
os mesmos erros. Triste final onde os mocinhos se farram e o vilão se
dá vem.
O BRT azul virou uma abóbora melequenta. Os políticos como sempre nos enganaram direitinho.