terça-feira, 24 de dezembro de 2013

ARACAJU A UM PASSO DE ENCERRAR A PINTURA PADRONIZADA NOS ÔNIBUS

O sistema de ônibus de Aracaju, na contramão dos modismos tecnocratas das capitais brasileiras, está a um passo de dar fim à pintura padronizada, medida remanescente da ditadura militar que, através da franquia do arquiteto Jaime Lerner - que havia sido prefeito de Curitiba quando implantou a medida, em 1974 - , tornou-se o carro-chefe de muitos governos municipais.

Depois da entrada da Viação Atalaia, com sua pintura personalizada levemente inspirada no serviço SIT de Recife - que não adota pintura padronizada, apenas lança uma pintura própria do serviço integrado SIT, a exemplo dos antigos Metrô-Ônibus do Rio de Janeiro e do Grande Circular de Salvador, apenas parcialmente adotado pelas empresas envolvidas - , duas outras empresas se empenham em desenvolver identidades próprias.

As empresas Capital e Modelo (não confundir com as homônimas soteropolitanas), do grupo cearense Fretcar, estão lançando um concurso para criar novas pinturas, com a disposição de criarem novas identidades visuais.
LOGOTIPOS DAS EMPRESAS DE ARACAJU, QUE LANÇAM CONCURSO PARA NOVAS PINTURAS PERSONALIZADAS.

As novidades apontam uma tendência de Aracaju encerrar a pintura padronizada, mesmo quando ela adota um critério menos confuso, que é o de diferenciar as cores por cada empresa, como já ocorreu em Florianópolis, ainda ocorre em São José do Rio Preto e São José dos Campos (ambos do interior paulista) e será implantado em Vitória da Conquista, no interior da Bahia.

Falando em Florianópolis, cabe destacar que a capital catarinense foi a primeira a abolir a pintura padronizada em todo o Brasil, além de romper com o tabu de que não se pode adquirir ônibus articulados ou de piso baixo sem abrir mão da pintura padronizada.

Portanto, é uma modesta capital do Nordeste que poderá trazer os novos ventos que poderão transformar os paradigmas de mobilidade urbana e transporte coletivo ainda vigentes, marcados por muito sensacionalismo e pouca funcionalidade.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

PINTURA PADRONIZADA DIFICULTA IDENTIFICAR IMAGEM DE ÔNIBUS ENVOLVIDO EM ACIDENTE COM ATRIZ DA GLOBO


A atriz Mariana Cortines, que havia participado do seriado Malhação, da Rede Globo, e estava no elenco de uma peça de teatro, sofreu ontem um grave acidente de carro quando estava na carona com amigos numa rua da Gávea, na Zona Sul do Rio.

O acidente ocorreu quando um ônibus avançou sobre o carro. O ônibus, cuja empresa não foi identificada pela imprensa, teria avançado o sinal de trânsito. Mariana sofreu traumatismo craniano e corte no fêmur, e havia realizado cirurgia depois que foi internada, em estado grave.

Numa pesquisa na Internet, chegou-se à foto do ônibus que se envolveu no acidente que deixou gravemente ferida a atriz Mariana Cortines, que fez parte do elenco do seriado Malhação, da Rede Globo de Televisão.

O ônibus é da Marcopolo Torino 2007, num comprimento semi-curto, e há três palpites sobre a empresa que teria sido, já que ela não foi creditada nas reportagens pesquisadas: Real Auto Ônibus, Auto Viação Alpha e Empresa de Transportes Braso Lisboa.

A resolução da imagem não foi suficiente, ainda, para identificar o código numérico da empresa. Daí a grande dificuldade de reconhecer uma empresa, com a pintura padronizada.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

ÔNIBUS EXECUTIVOS CARIOCAS RECEBEM PINTURA PADRONIZADA COM LATARIA DANIFICADA

O sistema de ônibus do Rio de Janeiro está um horror. Praticamente todas as empresas de ônibus apresentam algum carro sucateado, rodando com a lataria amassada, com a estrutura sacolejando e em muitos casos com arranhões sérios e letreiros digitais apagados na lateral e na traseira.

Na última segunda-feira, eu mesmo pude conferir e seria chover no molhado fotografar os urbanos, mas o problema acontece também com os ônibus rodoviários, como se vê nas fotos que eu tirei na Av. Rio Branco.

Três das quatro fotos correspondem ao ônibus da Real Auto Ônibus, agora conhecida como Premium Auto Ônibus, mas isso não faz diferença com a pintura padronizada, que no caso dos executivos confunde ainda mais os passageiros pelas cores serem rigorosamente as mesmas, só havendo uma faixinha que indica a cor do consórcio.

A outra foto, que mostra um ônibus inteiro por trás, corresponde à Viação Pavunense. O carro da Premium / Real é C41870 (consórcio Transcarioca) e o da Pavunense, B32803 (consórcio Internorte), apesar da letra não ter sido colocada na traseira, como se observa.

Os dois ônibus apresentam lataria amassada e rodam com a estrutura sacolejante. Só receberam a tinta da pintura padronizada, mas rodam sem ter feito uma manutenção prévia. Quando muito, os ônibus só teriam recebido uma lavagem, porque aí seria demais.

No entanto, o estado de cada ônibus é suficiente para comprovar o quanto está decadente o sistema de ônibus carioca adotado desde 2010. Os ônibus se destinam principalmente aos turistas, que poderão ser afetados com possíveis acidentes. E o pior é que tem gente que não aceita ouvir a verdade, e não quer que tais denúncias sejam feitas.

Mas os passageiros, que percebem melhor as coisas, estão notando a decadência, que gerou até tragédias, e não há como esconder esse drama. Portanto, quem não gosta de ouvir tais denúncias, seria melhor morder a língua.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

DEFENSORES DA PINTURA PADRONIZADA NOS ÔNIBUS DO RJ DÃO PÉSSIMO EXEMPLO DE CIDADANIA

O que certos defensores de um modelo oficial de "mobilidade urbana" fazem em detrimento da verdadeira cidadania.

Hoje de manhã, dois funcionários da Câmara Municipal do Rio de Janeiro haviam recebido panfletos que estavam sendo distribuídos à população na Praça Floriano, na Cinelândia, e que questionava a pintura padronizada nos ônibus, medida que está causando sérios prejuízos aos passageiros de ônibus da Cidade Maravilhosa.

Ao receberem os panfletos, os dois funcionários (ou parlamentares, mas para todo efeito considerarei apenas "funcionários"), que estavam em um ponto de ônibus - provavelmente para esperar um táxi - , ficaram irritados e amassaram os exemplares, jogando-os no chão por puro esnobismo.

Os funcionários devem ser ligados à bancada governista de Eduardo Paes e Sérgio Cabral Filho, pela atitude que fizeram com os panfletos, mas eles deveriam prestar atenção para a lei da Prefeitura do Rio de Janeiro que proíbe as pessoas de jogarem lixo no chão.

Acreditando na impunidade, certamente os dois funcionários não fazem muito caso se estão infringindo a lei ou não. Mas deram seu péssimo exemplo de cidadania. Além de defenderem a arbitrariedade da pintura padronizada dos ônibus, os dois indivíduos devem gostar de emporcalhar a cidade.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

"JUNTO E MISTURADO" DÁ UMA AMOSTRA DE QUE PINTURA PADRONIZADA DIFICULTA IDENTIFICAÇÃO DE EMPRESAS


Pode parecer que não tem a ver, mas tem. Afinal, um programa de tevê é uma boa amostra de como a pintura padronizada nos ônibus de uma cidade dificulta a identificação das empresas, em vez de facilitar, como dizem, de forma demagógica, as autoridades.

A nova temporada do humorístico Junto & Misturado, da Rede Globo de Televisão, estreou ontem e no último bloco, com o tema "Livro", mostra parte do elenco conversando numa biblioteca carioca, enquanto, lá fora, aparecem os tais ônibus com a intragável pintura "embalagem de remédio" imposta para as frotas de ônibus cariocas.

Imagine se em outros tempos, com a diversidade de pinturas que permitia a cada empresa de ônibus exibir sua identidade visual, elas aparecessem num programa de TV. Seria uma grande diferença. Poderíamos reconhecer facilmente uma Real Auto Ônibus, uma Transurb, uma Madureira Candelária, uma Pégaso, uma Jabour.

Hoje, não. Mal se dá para conhecer uma pintura Internorte e uma pintura Intersul, porque, vistas de lado, as pinturas são rigorosamente e ridiculamente iguais. As empresas já estão "juntas e misturadas" nessa mesmice visual, e a confusão é tremenda.

Nos programas de TV, quando os ônibus são focalizados rapidamente, a identificação torna-se muito, muito difícil. Isso derruba completamente o discurso das autoridades que dizem que pintura padronizada "facilita" a identificação. Nem em sonhos! Uma mentira descarada dessas não tem o menor sentido prático.

Por isso, conclui-se que a padronização visual adotada nas frotas de ônibus torna-se danosa, vetando ao público a identificação de cada empresa. Não são numerozinhos ou logotipos minúsculos que irão resolver o problema.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

PADRONIZAÇÃO PODE DIFICULTAR O BENEFÍCIO DO BILHETE ÚNICO

É muita coincidência a adoção de pinturas padronizadas quase ao mesmo tempo da adoção do chamado "Bilhete Único", espécie de promoção nas passagens de ônibus que oferece um desconto para quem usar mais de um transporte por um curtíssimo período de tempo.

Políticos trabalham para empresários e não para a população. Por isso mesmo foi decidido o limite de tempo, na tentativa de dificultar a obtenção do desconto. Mas como nem políticos e muito menos empresários não são bobos, cria-se condições para que fique cada vez mais fácil ultrapassar o limite da promoção e perder o direito do desconto.

Engarrafamentos, máquinas leitoras de cartão que não funcionam, erros nas bandeiras de destino, enfim, tudo é feito pelos próprios envolvidos para sabotar a aquisição do benefício, favorecendo a ultrapassagem do prazo-limite, tendo que pagar o preço normal das passagens , que já são bem altas.

Mas uma coisa que ninguém sabe é que a padronização visual, hábito de pintar os ônibus municipais e estaduais com pinturas definidas pelas autoridades, dando destaque a logotipos de prefeituras e governos e escondendo a identidade das empresas operadoras, pode estar incluída entre as medidas feitas pelas autoridades, com a conivência de empresários, para sabotar o Bilhete Único nos sistemas onde a pintura das frotas possui uma farda.

Para se ter uma ideia, ficou mais demorada a identificação do ônibus que se deseja pegar. Um exemplo real que eu tive a oportunidade de observar é o da linha 278, que liga Marechal Hermes ao Castelo (embora ele pare na orla, próximo aonde havia o edifício Monroe).

Ele é servido pela empresa que era conhecida como Vila Real. Era a única linha da Vila Real que passava na Rua Primeiro de Março, próxima a Praça 15 de Novembro. Era fácil pegar a linha, pois automaticamente, se havia Vila Real, tinha a certeza de que era a 378. Nem precisava ler a bandeira de destino, era só entrar no veículo.

Hoje, ele tem a mesma pintura do consórcio Internorte de muitas linhas que passam no local. A atenção agora ficou redobrada. Como os ônibus tem o hábito de ficar embaralhados no ponto da citada rua, fica bem difícil identificar os ônibus. Se o ônibus da 378 para distante, escondido entre outros ônibus, fica difícil de ler a bandeira e perdê-lo, ou pegar o ônibus errado. E olha que tem linhas  do Internorte que vão para destinos bem longínquos em relação a 378. Para eu, querendo ir a Marechal Hermes, parar no extremo da Ilha do Governador, ficou muito fácil.

Esta demora para identificar o ônibus também representa a perda do tempo que poderá cancelar o uso do benefício do Bilhete Único, caso perca o ônibus ou pegue errado.

As autoridades que não se utilizam do transporte, mas lucram muito com o mesmo, oferecendo transporte cuja qualidade cai muito a cada dia, arrumaram um jeitinho a mais para sabotar o ultrasabotado Bilhete Único, cuja estipulação de um prazo limite para o direito ao desconto (entendo que não deveria haver limite em nenhuma hipótese) em si já é uma baita sabotagem.

domingo, 10 de novembro de 2013

SALVADOR ADERE A PADRONIZAÇÃO VISUAL

No Brasil, é mania consagrar ideias ruins e descartar as boas ideias.

Infelizmente, na sociedade brasileira, ideias ruins são consideradas bem sucedidas pelo simples fato de estarem durando por muito tempo, como se apenas a durabilidade servisse como atestado de qualidade.

Além da durabilidade, a adesão maciça de várias pessoas e/ou instituições também é considerada como atestado, já que enfiamos em nossas cabeças que se todo mundo segue algo, é porque deve ser bom. O que já é mais do que comprovado que NÃO é verdade.

Depois que o Rio de Janeiro, estado que se auto-considera capital cultural do país (e por isso é a localidade brasileira mais famosa pelo mundo) e por isso influente para o resto do país, implantou a padronização visual, já rotineira em estados como São Paulo e Paraná, todo o país entendeu que as frotas municipais e metropolitanas de ônibus tem que usar pinturas impostas pelas prefeituras, como uma espécie de farda a ser colocada nos ônibus.

Apesar das brechas nas leis permitirem, essa medida descaracteriza a licitação, a condição de concessão inerente ao serviço de transportes e fere o interesse público, já que a população fica privada de identificar com rapidez as operadoras que fazem o serviço de ônibus.

A única vantagem da padronização é do interesse das autoridades, que veem na pintura padronizada uma forma de dizer "esse ônibus trabalha para a prefeitura". O papo de que "organiza" e que "facilita a identificação" é conversa de político desonesto, muito mais interessado em satisfazer os próprios anseios. Para a população, não existe vantagem em colocar farda em ônibus.

A população vai ter que aumentar o nível de atenção ao pegar seus ônibus. Infelizmente, muitas empresas não se preocupam em identificar com clareza as bandeiras laterais e traseiras, obrigando ao passageiro a ir para a frente dos ônibus para identificá-lo. A pintura diversificada por empresa facilitava ao passageiro a identificar, compensando essa falha.

Além disso, a população fica refém das prefeituras, já que terá que recorrer a ela como forma de tentar melhorar o transporte, denunciando as irregularidades que somente ela (e não a prefeitura) vê em seu cotidiano. 

A relação cliente-empresa fica prejudicada pela transformação da prefeitura em intermediário, já que a padronização, como uma encampação enrustida, transforma as empresas em empregados da prefeitura. Ou seja, a melhora do transporte terá que depender do interesse de prefeitos e secretários de transporte, normalmente envolvidos com interesses pessoais do que públicos. A prática mostra que sistemas padronizados há piora na qualidade do serviço, conhecida apenas de quem utiliza do transporte em cada cidade.

O sistema do Rio de Janeiro piorou muito após a padronização. As empresas, por entender que as frotas pertencem a prefeitura (a imposição de pintura deixa isso claro), já não fazem mais a manutenção adequada, que é cara, preferindo apenas "apertar os parafusos" e alimentar com combustível para que os carros rodem. O resto que as prefeituras paguem.

Outras capitais que utilizam a pintura padronizada são campeãs de queixas dos usuários, incluindo o "imaculado" sistema de Curitiba (de onde surgiu a ideia da pintura padronizada, em um longínquo 1974 - enfim uma ideia VELHA vendida como "novidade"), cujos defeitos só são conhecidos por quem mora por lá. Sistemas padronizados agem como cidades interioranas, onde a prefeitura gerencia diretamente o transporte, com grande precariedade. É uma forma de encampação sim, com a diferença de que o sustento financeiro vem da iniciativa privada.

O pessoal de Salvador que se prepare. O transporte, que já não era dos melhores, vai ter uma boa piorada. Com um secretário de transportes de mentalidade arcaica (José Aleluia, um dos políticos mais conservadores da Bahia) e sem o engajamento necessário para administrá-lo, não esperemos melhoras. E a população, acostumada a encontrar um transporte ruim que nunca cumpre o mínimo necessário, vai ficar com a, pior fatia de bolo, sendo a única a perceber que a colocação do nome da prefeitura nos ônibus em nada ajuda a melhorar o transporte, seja de qual cidade for.

EM TEMPO: Houve uma tentativa de padronização pelo que se observa na foto que ilustra esta postagem, com a extinta empresa Sul América. Na verdade, a padronização vem sido ensaiada há uns 10 anos, com a chamada "padronização branca", onde há grande maioria das empresas que dispensam a pintura se limitando a colocar uma logomarca para identificar.  Se isso já atrapalhava, imagine o que virá agora.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

EXPLICANDO PORQUE A PADRONIZAÇÃO DE PINTURAS DOS ÔNIBUS É NOCIVA

Muita gente ainda não sabe como a colocação de fardas nas frotas de ônibus, com destaque aos logos das prefeituras, é prejudicial a qualidade dos serviços de transporte municipal. Aparentemente soa o contrário, que a colocação de uniformes serve para deixar claro que o poder público zela pelo transporte de sua cidade. Mas o que se vê é o contrário: o transporte piorando cada vez mais. Mas o que essa piora tem a ver com a pintura padronizada?

Engana-se quem pensa que a padronização de pinturas respeita totalmente o caráter concessivo dos sistemas de ônibus, representando apenas um embelezamento estético e identificação do município. Basicamente, quando prefeituras e governos decidem padronizar frotas, elas estão querendo dizer que as mesmas pertencem ao poder executivo que os controla. É uma espécie de encampação em que o seu sustento financeiro vem das empresas e não do poder público.

Com isso, quem passa a administrar o transporte não são mais as empresas, limitadas a ceder as frotas para o poder executivo e cuidar da manutenção e da compra dos veículos. As empresas passam, através de consórcios, a serem empregados das prefeituras, o que descaracteriza o sistema de concessão, transformando em uma encampação enrustida.

E o que são os consórcios? No caso, é uma espécie de "empresa", de caráter público, onde se reúnem empresas que EM TESE, passam a operar juntas. Mas não é o que acontece na prática, já que os sistemas de ônibus continuam operando da mesma forma que antes, com a diferença do aumento do poder executivo sobre o sistema e da pintura que caracteriza esse aumento de poder.

Dá para perceber que é um modismo, já que isso, segundo a lógica, em si não melhora sistema nenhum. Acharam que é uma fórmula pronta e resolveram adotar, acreditando que a adesão de muitas cidades a esse tipo de sistema serve como atestado de êxito ao mesmo. 

Mas o que se vê é uma piora no sistema, pois há divergência entre as empresas e os governos que gerenciam, resultando numa briga interna e eterna em que quem paga o pato é a população que se utiliza do transporte, proibida de fiscalizar diretamente o transporte por não identificar mais a empresa que opera a sua linha. Com a padronização de pintura, não só o poder executivo se torna mais poderoso como se transforma no único meio capaz de "socorrer" a população no caso dos constantes erros nas operações de transporte.

E nós conhecemos nossos políticos. O que deveria ser mera representação popular, a carreira política se transformou numa excelente fonte de renda e profissão carreirista que transforma cada político em um verdadeiro magnata, somando poder financeiro ao poder de decisão e o prestígio que possui. Isso significa que entregar o sistema  de transporte a eles, de maneira integral, sem dar oportunidade da população de fiscalizar diretamente a qualidade do transporte, é um péssimo negócio.

Esconder a identidade das empresas, não somente dificulta a identificação por parte da população, como favorece a corrupção e várias irregularidades, já que a não há identificação imediata, favorecendo que muitas coisas aconteçam por "debaixo dos panos". E com o poder executivo das autoridades devidamente aumentado, o que vai valer mesmo é o interesse de prefeitos, governadores e seus assessores e secretários, seres humanos tão falhos quanto qualquer outro, com sede de poder e com perspectiva de aumentar o patrimônio pessoal de bens e dinheiro.

Não defendo aqui o interesse de empresários do transporte, também seres humanos falhos e com os mesmos interesses disputados pelos governantes. Mas o que defendo é a o direito da população de conhecer com facilidade as operadoras dos sistemas de transporte, para que ela gerencia diretamente a qualidade do mesmo, sem ter que recorrer a autoridades de índole duvidosa para tentar melhorar um sistema que só piora a cada dia, optando pelo uso de fórmulas prontas como meio de resolver os problemas que são diferentes em cada cidade.

Só resta mesmo dizer que Jaime Lerner, o criador desse "samba do crioulo doido" deve estar rindo a toa, pois foi com a intenção de ganhar dinheiro vendando as suas ideias, que todos decidiram colocar uniforme em ônibus. Agora só falta obrigar as pessoas a saírem das ruas uniformizadas.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

DESEJAR MELHORIAS NO TRANSPORTE É OFENSIVO?

Recebemos um comentário de um busólogo carioca que se referiu a este site como "ofensivo". Vamos poupar o nome dele para evitar problemas. Mas vale destacar que a intolerância é um hábito comum dele, já que no seu perfil em uma rede social ele colocou como frase de efeito uma apologia à intolerância religiosa, esta sim bem ofensiva.

O que há de ofensivo em nosso blogue? Aqui não temos a intenção de ofender ninguém. Apenas de fazer duras críticas a decadência do transporte, estimulada pelo aumento do poder das autoridades na gestão do transporte, impedindo qualquer forma de fiscalização que não venha dos braços truculentos de prefeituras  governos comprovadamente incompetentes em relação a gestão do transporte.

E o que isso tem de ofensivo? Nada. Aprendi que temos que ser duros com quem é mole. Temos que criticar mesmo, e com a dureza necessária para fazer com que a teimosia tão comum nos defensores da decadência de qualquer coisa, para ver se melhoramos alguma coisa. se fazemos os teimosos empacados a saírem do seu lugar.

Não quero julgar a opinião desde tal busólogo. Nem sei quais as intenções dele em defender algo que - pelo menos para os usuários - é visivelmente retrógrado e defeituoso. Mas o que se sabe é que busólogos não costumam ser focados na qualidade dos serviços de transporte. Admiram os ônibus como se fossem uma Ferrari: é lindo, é possante, o resto não interessa. Por isso não hesitaram em aprovar os novos sistemas de transporte, baseados na fórmula pronta de 40 anos atrás como "revolução do transporte" na década atual.

Até mesmo se as críticas forem dirigidas aos busólogos, o que tem isso de ofensivo? Ninguém aqui está fazendo acusações falsas! Ofensa é o escudo de defesa dos que não querem pensar. Para quem não quer melhorar o seu ponto de vista, é muito fácil acusar os outros de ofensivos. Fácil e conveniente, pois com a acusação, pode ser criar uma oportunidade de punição, como forma de vingança à crítica não aceita.

Espero que a polêmica pare por aqui. Mas estou tranquilo. Este site não foi feito para busólogos e sim para os usuários de transporte, cansados de utilizarem serviços que a cada dia só pioram, embora sejam maquiados com frescões, articulados, pisos baixos, híbridos que na verdade não passam de cobertura doce a cobrir o amargor desse bolo podre vendido como vanguarda.

Se acham que estamos sendo ofensivos, tudo bem. Mas não nos processem, pois se usarem melhor o discernimento (e não a credulidade), verão que este blogue quer mesmo é que as autoridades recebam as críticas por um serviço que deveria ser bom e NÃO ESTÁ SENDO. Não é favor nenhum melhorar o transporte e sim uma obrigação garantida por lei. Obrigação que está sendo negligenciada.

Quanto aos busólogos, se não gostam deste site, simplesmente não leiam, vão cuidar de seu hobby. O que é dito aqui não é de seu interesse. Se fosse, vocês apoiariam essa luta por um transporte melhor, ao invés de ficar nos acusando de ofensivos, coisa típica de quem teve o orgulho ferido.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

AUTORIDADES USAM PINTURA PADRONIZADA PARA ENGANAR A POPULAÇÃO

Depois do autoritarismo explícito da Prefeitura do Rio de Janeiro, que adotou a pintura padronizada nos moldes abertamente ditatoriais de Curitiba e São Paulo, outras prefeituras tentam camuflar a arbitrariedade com paliativos feitos tão somente para enganar a população.

É o caso de Niterói, em que a prefeitura vetou o direito de cada empresa de ônibus apresentar sua própria identidade, mas permitiu que coisas pequenas e que de longe são imperceptíveis, como colocar nome de empresa de ônibus em janelas ou letreiros digitais e "personalizar" placas de itinerários de linhas (algumas mais ilegíveis que bulas de remédios).

Além da antiga capital fluminense, São Gonçalo adotou a medida, paliativa e inútil, de exibir o logotipo de cada empresa nas laterais e janelas dos ônibus, algo que não se resolve de forma alguma o problema da confusão, uma vez que, vistos de longe, os logotipos não passam de meros rabiscos aleatórios.




EM SÃO GONÇALO, LOGOTIPOS DE EMPRESAS EXPOSTOS NA PINTURA PADRONIZADA SÃO MEROS "RABISCOS" QUANDO VISTOS DE LONGE E NÃO RESOLVEM O PROBLEMA DA CONFUSÃO PELOS PASSAGEIROS COMUNS.

É como, por exemplo, um motorista colocar na janela dianteira logotipos de revendedoras de chassis ou frases religiosas, algo que, em outros tempos, era usado nos ônibus de todo o país. São coisas pequenas, imperceptíveis.

AUTORITARISMO "DEMOCRÁTICO" E "INTERATIVO"

Agora o aspecto mais ridículo foi adotado pela Prefeitura de Araruama, que, para disfarçar o natural autoritarismo da pintura padronizada, lançou uma campanha "interativa" para os cidadãos "escolherem" a pintura padronizada a ser adotada, em três modelos em que os "bastões" colocados sobre as janelas laterais dianteiras são influenciados pela "estética" carioca.

É como rir da cara das pessoas e tratar o passageiro comum como se fosse otário. Imagine se a moda pega e a Prefeitura do Rio de Janeiro lança uma enquete para os internautas escolherem qual o melhor tempero para o gás de pimenta a ser atirado nos olhos dos manifestantes que nos últimos meses fazem intensos protestos contra a politicagem dominante no Estado?

Provavelmente, a Prefeitura de Araruama também fará seus paliativos, colocando nome de empresa em janelas ou letreiros digitais, como se isso fosse resolver os problemas da confusão ou garantisse mais transparência na medida da pintura padronizada. A experiência mostra que tais paliativos em nada resolvem em relação a tais problemas.

EMPURRANDO AÇÕES JUDICIAIS COM A BARRIGA

Já existem ações judiciais contra a pintura padronizada nos ônibus. No Rio de Janeiro e em Niterói, haviam sido lançadas ações no Ministério Público contra a pintura padronizada, que no entanto foram contestadas pelas autoridades através de argumentos inconvincentes.

No Rio de Janeiro, a desculpa utilizada foi o "reordenamento do transporte" e que a identificação dos ônibus se daria através do código numérico de cada veículo, essa "sopa de letras e números" que confunde e desnorteia os passageiros já em seus muitos compromissos pessoais.

Em Niterói, a desculpa, que também cita o "reordenamento do transporte", já dá ênfase ao "desvínculo de imagens das empresas" e a identificação por "zonas", embora não fizesse menção aos paliativos de exibir nomes de empresas em janelas ou letreiros ou na personificação das placas de itinerários.

As autoridades adotam desculpas inconvincentes, que no entanto são acatadas pelos advogados do Ministério Público. O grande problema é que a pintura padronizada está relacionada com a corrupção nas empresas de ônibus, favorecidas pelo fato de que empresas diferentes estão agora com o mesmo visual.

Chegou-se a haver uma CPI dos Ônibus no Rio de Janeiro, mas ela foi sabotada por aqueles que eram contra a comissão e estavam ligados não só ao grupo político de Eduardo Paes e Sérgio Cabral Filho, mas também a grupos milicianos. Em Niterói, a CPI continua, mas parece rumar também para uma postura "chapa-branca" mais sutil que a da CPI carioca.

INDIGNAÇÃO - Nas ruas, a população começa a expressar sua revolta contra a pintura padronizada. Nas redes sociais, na realidade das ruas, nas faculdades, as pessoas já desconfiam da medida, vendo nela uma forma de acobertar a corrupção das empresas de ônibus e de ludibriar a população.

Mesmo a aquisição de ônibus especializados - como BRTs, articulados ou com ar condicionado - ou demagógicos congelamentos ou reduções de passagens consegue convencer. As autoridades que defendem a pintura padronizada também não enganam com a postura de pretenso paternalismo, tentando parecer boazinhas com a população.

A pintura padronizada, portanto, torna-se uma medida impopular, ineficaz e inútil, além de ser prejudicial para aquele que é o maior interessado do transporte coletivo: o passageiro comum, que pega ônibus todo dia e sabe que pintar diferentes empresas de ônibus não vai resolver os problemas vividos diariamente no sistema.

Afinal, ninguém em sã consciência vai tratar carimbos de prefeitura como "santos milagreiros" da mobilidade urbana. O povo sabe que a pintura padronizada não passa de um mero véu para acobertar a corrupção político-empresarial que faz agravar as conhecidas irregularidades dos sistemas de ônibus das grandes cidades.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

PRA QUE SERVE CONSÓRCIO SE AS EMPRESAS OPERAM SEPARADAMENTE?

Esse modismo de mobilidade urbana decidiu que as empresas deveriam se reunir em grupos chamados consórcios. Para quem não sabe, são espécies de autarquias criadas pelos governos para que empresas operem conjuntamente. Isso em tese, pois na prática não há nada disso.

Nos sistemas de ônibus do Rio e Niterói, as empresas continuam operando normalmente como antes da divisão. Somente no caso de Niteroi, houve uma compra conjunta de carros (a Araçatuba comprou Viale BRS para a Ingá e esta comprou Comil Piso baixo para a Barreto). Mas a operação das linhas continua bem separada, mostrando que esta divisão em consórcios não passa de modismo inútil.

Vejam só: se a Brasília, por exemplo, que tem apenas 5 carros de piso baixo, precisar fazer manutenção de um deles em horário de grande demanda para este tipo de ônibus, talvez precise recorrer a outra empresa do mesmo consórcio para fornecer o carro que substituiria o veículo recolhido. A Araçatuba poderia ceder um de seus pisos baixos para operar a 61 (Venda da Cruz - Icaraí - veja foto), sem qualquer problema, pois faz parte do mesmo consorcio. Mas nunca se viu algo assim.

Então se é para operar separadamente, porque juntar em consórcios? Para confundir a população? Se não é para beneficiar a população, com certeza foi por modismo, para dizer que as prefeituras aderiram a um sistema popularizado. 

Para quem não sabe (e a maioria não sabe o que é), modismo é algo feito inutilmente só para imitar algo que, em tese, é seguido pela maioria. Os brasileiros tem mania de achar que a maioria sempre está certa e normalmente costuma segui-la, transformando a população brasileira em uma população de pensamento, gostos e hábitos únicos, quase homogêneos.

Das duas uma: ou as empresas consorciadas operam juntas, para manter a desejada qualidade dos serviços e a unidade que é supostamente relacionada ao se consorciarem, ou desfaz tudo e volta como está, com as empresas assumindo suas identidades sem ter as prefeituras incompetentes como intermediárias na fiscalização dos serviços de ônibus nas cidades.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

ARGUMENTO DE QUE A PADRONIZAÇÃO DE PINTURA "FACILITA A IDENTIFICAÇÃO" COMPROVA ALIENAÇÃO DAS AUTORIDADES

Todo mundo sabe que autoridades vivem em um mundo a parte. Trancados em seu escritórios e tendo a seu alcance meios de transporte totalmente diferentes dos utilizados pelos "pobres mortais", autoridades sempre tem uma noção errada de mundo, o que fazem tomar decisões equivocadas que mais atrapalham a vida da população gerenciada. Pensando estar eliminando problemas, as autoridades acabam agravando ainda mais os mesmos.

Os governos e prefeituras tem justificado a adoção de pinturas padronizadas nas frotas de ônibus como medidas para"facilitar" a identificação dos ônibus. Mas analisando bem a forma como são feitas, o que se observa na prática é justamente o contrário. Ficou mais difícil pegar ônibus ultimamente. Afinal, como identificar ônibus se estão pintados todos iguais, variando apenas em imperceptíveis detalhes sutis?

Quando eu fui ao Rio Centro para ir a um evento sobre cultura, tanto na ida como na volta, tive que recorrer a despachantes, pois além de deixar todos os ônibus com a mesma aparência, o prefeito Eduardo Paes, teve a "brilhante" ideia de alterar códigos numéricos, trajetos e até pontos finais, o que dificultou ainda mais. Se a pintura fosse diversificada, mesmo com a mudança de códigos e de pontos seria menos danosa.

Está bem claro que a colocação de pintura padronizada é uma decisão subjetiva, baseada em convicções pessoais das autoridades que gerenciam o transporte. É um meio das prefeituras aumentarem o poder e impedir que a população fiscalize o transporte diretamente, tendo secretarias de transportes como intermediárias para que nada aconteça sem satisfazer o interesse dessas autoridades. A colocação do nome das prefeituras em letras garrafais em detrimento do nomes da empresas, que em muitos casos são omitidos, deixa claro essa obsessão das autoridades em impor os seus interesses.

Como em política, mentir é uma tática de sobrevivência, é mais uma conversa para o gado (povo) dormir essa de facilitar os usuários. Até porque satisfazer a população nunca foi o objetivo de qualquer político. E não será agora, de uma hora para a outra, que esse objetivo irá mudar.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

JUSTIÇA DO RIO SUSPENDE TRABALHOS DA CPI DOS ÔNIBUS NA CÂMARA


COMENTÁRIO DESTE BLOGUE: Depois de semanas de tumultos, protestos violentíssimos de grupos mascarados (ligados sobretudo aos Black Blocs), vaias contra Eduardo Paes e Sérgio Cabral Filho e vários acidentes de ônibus - inclusive dois com BRTs que deixaram 32 feridos na semana passada - , o Tribunal de Justiça determinou a suspensão dos trabalhos da CPI dos Ônibus até que fosse avaliado o problema da composição dos parlamentares envolvidos, já que se queixa de que essa composição prioriza justamente a base governista, ligada a Eduardo Paes, o que compromete a transparência dos trabalhos.

Justiça do Rio suspende trabalhos da CPI dos Ônibus na Câmara

Do Portal G1

A 13ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro aceitou interromper os trabalhos da CPI dos Ônibus, da Câmara de Vereadores do Rio, até o julgamento de um recurso impetrado, infornou o tribunal na noite desta segunda-feira (16). O desembargador Agostinho Vieira é o relator da decisão.

O TJ explicou que os vereadores Teresa Bergher, Eliomar Coelho, Paulo Pinheiro, Reimont, Renato Silva e Jefferson Moura entraram com recurso na segunda isntância depois que a juíza da 5ª Vara de Fazenda Pública da Capital, Roseli Nalin, não concedeu liminar que pedia a interrupção dos trabalhos. Os vereadores argumentam no recurso que a atual composição da CPI não respeita a proporcionalidade de partidos e blocos parlamentares entre governo e oposição.

No entendimento do desembargador Agostinho Vieira, a composição não obedece à representação proporcional das bancadas no Legislativo municipal.

"Penso que existe fundada dúvida sobre a validade da composição da CPI. Por isso, a continuidade de seus trabalhos pode ensejar a prática contraproducente de atos inúteis e fomentar o descrédito popular em relação ao Parlamento. Pelo raciocínio adotado para a composição atual, se o requerimento fosse de iniciativa de representante da maioria, não haveria qualquer integrante da minoria. Obviamente, foge à razoabilidade que esse posicionamento prevaleça", declarou o desembargador.

Eliomar Coelho(PSOL), autor da CPI dos Ônibus, classificou a decisão do TJ como correta:
“Fizemos tudo que era possível e impossível para tentar resolver isso na base da política, mas nada disso deu frutos. Então, tendo passado por cima dos regimentos, não nos restou alternativa a não ser a judicialização”, explicou Eliomar, que deixou claro que voltará aos trabalhos da CPI se houver uma recomposição da CPI:

“Se houver uma reconfiguração lá da Comissão, eu voltarei a participar dela. O que eu não posso é participar disso. Se o bloco do Governo tem 24 vereadores, ou 47% do total, essa composição na Comissão tem que ser de 47%, e não 100%. Se a justiça entendeu que assim não pode acontecer, aplausos para ela”, finalizou o vereador.

Sessões

Na quinta-feira (12), o secretário municipal de Transportes, Carlos Osório, participou da terceira audiência da CPI dos Ônibus e negou que haja superfaturamento nos contratos da Prefeitura com as empresas de ônibus e disse que todos os lucros passam por auditorias.
saiba mais

Os documentos relativos às licitações de transportes no Rio de Janeiro foram entregues na quinta-feira (5) no gabinete do presidente da CPI dos Ônibus na Câmara de Vereadores, Chiquinho Brazão. As mais de 30 mil páginas mostram as propostas dos consórcios Santa Cruz, Internorte, Intersul e Transcarioca.

Os documentos precisam ser analisados até a data limite da CPI, no dia 7 de dezembro, com prazo prorrogável por mais 15 dias. Após os 15 dias de prorrogação, o relatório, que deve ser elaborado a 10 mãos pelos cinco membros da CPI, terá 45 dias para ser entregue.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

MAIS CUSTOS: PENDOTIBA TERÁ QUE REPINTAR CARROS SEMI-NOVOS


A Viação Pendotiba anunciou a compra de carros novos para a frota intermunicipal, responsável pelas linhas 770D Itaipu / Castelo e 771D Pendotiba / Castelo. A princípio, a renovação inclui carros com ar condicionado que substituirão os carros semi-novos que atuam na linha 770D e que passarão para as linhas municipais.

O grande problema é que, com a pintura padronizada imposta pela Prefeitura de Niterói - em que paliativos como colocar nome em janela ou letreiro digital ou personalizar placas de itinerários NÃO resolvem o problema da confusão de empresas - , os carros intermunicipais terão que ser repintados, o que representa um custo que antes não havia.

Até pouco tempo atrás, os carros da frota intermunicipal da Pendotiba não precisavam ser totalmente repintados para serem deslocados para a frota municipal. Apenas as partes em que aparecem o número do respectivo veículo é que eram repintadas, representando uma economia de custo.

Hoje, com a obrigação da mudança de pintura, vieram transtornos. Com a medida, os ônibus ficam mais tempo nas garagens, demorando a substituição dos carros. E o custo, para um sistema de ônibus que, sabemos, envolve muito gasto de combustível - é bom deixar claro que diesel não é capim - , a repintura obrigatória é uma despesa "pequena" mas que pode fazer diferença nas planilhas de custos.

A pintura padronizada, assim, não traz vantagem alguma. Só serve para propaganda das prefeituras. A população é enganada pelas autoridades, que prometem "mil benefícios", mas na verdade, em vez de benefícios, sérios prejuízos são observados na vida do povo que vai e vem de ônibus.

domingo, 1 de setembro de 2013

GALHOFA? PREFEITURA DE NITERÓI PERMITE PEQUENAS DIFERENÇAS EM ÔNIBUS "PADRONIZADOS"

PLACAS DE ITINERÁRIOS PERSONALIZADAS - Medidas paliativas que não permitem a identificação plena das empresas de ônibus de Niterói.

Até parece uma galhofa. A Prefeitura de Niterói, que copiou do Rio de Janeiro a decadente e nociva medida da pintura padronizada nas frotas de ônibus, resolveu adotar pequenos paliativos na aparente tentativa de mostrar alguma identificação das empresas de ônibus envolvidas no sistema.

Depois de permitir a identificação de cada empresa em adesivos colocados nas janelas ou nos letreiros digitais, a Prefeitura de Niterói agora permitiu que algumas empresas colocassem plaquetas personalizadas de itinerários de linhas, como se nota nas frotas da Pendotiba, Miramar e Fortaleza, como se vê nas fotos acima.

No entanto, isso é insuficiente para permitir a identificação de cada empresa. São apenas pequenos detalhes que se perdem numa visão mais distante. Na correria do dia a dia, as empresas diferentes, na medida em que exibem a mesma pintura, continuam confundindo os passageiros.

De longe, um ônibus da Santo Antônio, Miramar e Fortaleza desafiam a atenção dos passageiros, para que ninguém sofra o risco de pegar um ônibus da linha 45 pensando ser 33 ou 53. Ou então entre um Santo Antônio e Pendotiba em que um passageiro precisa dobrar a atenção para não pegar um ônibus da linha 39 pensando ser da linha 35.

Portanto, as medidas paliativas não trazem transparência. Os nomes das empresas se perdem na porção de adesivos que indicam acesso para deficientes, selos de vistoria, preços de tarifas e de bairros por onde a linha em questão passa.

A pintura padronizada, com esses paliativos, não se mostrou mais viável. Continua causando os mesmos prejuízos que causa à população, assim como continua sendo contrária ao interesse público, representando tão somente a propaganda política dos governantes e um modo de facilitar a corrupção política, sob diversos aspectos.

Portanto, não valeu. Se a Prefeitura de Niterói tentou dar a impressão de facilitar as coisas, ela acabou apenas tratando o povo niteroiense como trouxa. Tem mais a ver com galhofa à população, mesmo.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

"FAVORECIDA" PELA PINTURA PADRONIZADA, CITY RIO TEM FROTA SUCATEADA

ÔNIBUS DA CITY RIO APARECE CIRCULANDO SEM VIDRO NUMA JANELA.

Conforme mostraram reportagens da televisão, o sistema de ônibus do Rio de Janeiro, desde que adotou um modelo autoritário, tecnocrático e dotado de pintura padronizada - que, do contrário que as autoridades dizem, não permite de forma alguma a identificação de uma empresa - está favorecendo, direta ou indiretamente, uma série de irregularidades.

Os diversos acidentes, vários deles com mortes, confirmam isso, e a bagunça com que se tornou o sistema de ônibus carioca fez com o que era ruim piorasse e o que era bom ficasse também de ruim a pior.

Se antes empresas como Campo Grande, Amigos Unidos (Translitorânea), Via Rio (City Rio) e Ocidental (Rio Rotas) apontavam irregularidades, agora sob o fardão dos tais "consórcios" a situação piorou ainda mais. E hoje até ônibus da Real, Matias, Estrela Azul e Futuro circulam como se fossem carros de entulho de tanto sacolejar...

A City Rio é o foco das reportagens recentes, sobretudo a linha 261 Marechal Hermes / Praça 15, uma das poucas que ligam o entorno da Zona Norte à Zona Portuária, passando por diversos bairros. A linha chegou a ser feita com carros da Ciferal Padron Briza, motor Volvo, quando era servida pela estatal CTC-RJ nos anos 80.

Nessa época, os ônibus ficavam lotados e havia muita espera entre um ônibus e outro. Numa Av. Alfred Agache ainda não transformada num local sombrio e fedorento conhecido como "mergulhão", as filas em frente à Estação das Barcas cresciam. Apesar desses problemas, não era a tragédia dos tempos de hoje.

A linha 261 tem carros convencionais, velhos, alguns micrões. Alguns contam com bancos desconfortáveis, sendo apenas bancos de fibra de vidro dotados de almofadas. Mas os ônibus que contam com bancos estofados possuem assentos que se soltam e vários veículos são sujos, têm a lataria amassada e até pneus carecas, soltos e outros problemas.

O DETRO apreendeu 16 veículos da linha 261, que estavam em condições tão péssimas que, conforme registrou uma das reportagens de TV, um ônibus circulava normalmente sem um dos vidros da parte da frente. E tudo isso com o visual devidamente padronizadinho, conforme manda o prefeito Eduardo Paes.

A pintura padronizada (ou pintura única) garante essa falta de transparência. As diferentes empresas que agora se confundem com a mesma imagem - é inútil colocar o nome da empresa no letreiro digital - acabam sendo favorecidas por esse mascaramento, e quem sabe, sabe como Eduardo Paes trata o povo carioca. Com descaso, arbitrariedades e omissão, além de promessas mirabolantes.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

IDENTIFICAR EMPRESAS NÃO É QUESTÃO DE ESTÉTICA. É COMPROMISSO DE RESPEITO AO PASSAGEIRO

Olhem para esta foto. Não é bom poder identificar, facilmente e à distância, as empresas que prestam o serviço que você utiliza? Esta foto mostra a rodoviária de Nova Iguaçú, e mostra uma invejável diversidade visual já ausente na capital do estado e que vai desaparecer no mês que vem na cidade onde eu moro, Niterói.

Pouca gente sabe, mas esse modelo de ônibus que estão querendo impor na marra no Brasil todo, é do tempo da ditadura militar. A ideia de uniformizar toda a frota é claramente inspirada nos veículos militares.

Mas não é necessário uniformizar a frota de um determinado lugar para mostrar serviço. Aliás, era melhor nem uniformizar, já que a dificuldade na identificação de empresas dificulta usuários e favorece a corrupção, além de impedir reclamações diretamente com as empresas. Como, se ninguém sabe qual é a empresa?

O que ninguém sabe, é que uniformizar empresas na marra é um desrespeito ao passageiro, uma humilhação até. Os busólogos não se importam com uniformização já que são capazes de identificar modelo de chassi com os olhos fechados, que dirá de empresas em frotas uniformizadas. Já os cidadãos que penam para pegar um ônibus estão, como é tradição, literalmente abandonados pelas autoridades.

Afinal, qual a vantagem de se uniformizar a frota?

Apesar das polêmicas envolvendo busólogos, nenhum deles ainda parou para fazer ou responder a seguinte pergunta: qual a vantagem de se uniformizar a frota? Sinceramente não vejo vantagem, a não ser para a própria prefeitura, que usa os ônibus como propaganda de suas gestões.Só faltava estampar as caras dos prefeitos nessas pinturas, para deixar a coisa escancarada.

Convém lembrar que uniformizar as coisas é algo típico de ditaduras e, coerentemente, a medida está sendo implantada nas cidades sem qualquer tipo de consulta, plebiscito, etc. Nada mais adequado para um sistema nascido nos tempos da ditadura.

Ditadura fora da lei

Agora, uma novidade que nenhum dos defensores e nem as prefeituras sabiam: a uniformização visual das frotas (também conhecida como padronização visual) é ilegal. Vai contra justamente a lei de licitação que as prefeituras tando dizem seguir.

Faz parte do resultado de uma licitação legalizada a identificação clara dos vencedores. Como é que após uma licitação, as prefeituras escondam a identificação das prestadoras de serviços - é um direito do cidadão poder identificar quem presta o serviço que ele utiliza - , fugindo da própria lei da licitação? É como se eles interrompessem o processo, escondendo da população os vencedores da licitação.

Maiores detalhes sobre isso aqui neste link.

Respeito ao cidadão que não é seguido

O povo é sempre tratado pelas autoridades como gado. Na sociedade em que vivemos, os ônibus são tratados como o transporte desse gado. E pelo jeito, gado, para estas autoridades, não fala, não decide, não escolhe, não reclama e nem merece respeito.

De que adianta colocar BRTs, pisos baixos, ar condicionado e um monte de veículos pomposos para disfarçar um sistema que nasce falho e segue colecionando erros? É fazer o passageiro de trouxa, pois ele só quer conforto e rapidez, e não um monte de pompa que além de todos os erros, não estimula a retirada dos automóveis nas ruas, mantendo todo o sistema de transporte como está. Apenas eliminando as qualidades que tinha, substituindo-as por uma bela maquiagem que deixa o ônibus bonito para os busólogos, mas bastante problemático para quem depende dele para exercer o direito garantido por lei, de deslocamento.

Precisa colocar uniforme em todos os ônibus? Não só não é necessário como é nocivo à população. Chega de uniforme. Padronização não combina em um país com vocação para diversidade.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

DIAGNÓSTICO DA PINTURA ÚNICA NAS CAPITAIS BRASILEIRAS

A curitibanização do transporte brasileiro, planejada pelo arquiteto, ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná, Jaime Lerner e adotada na maior parte das capitais brasileiras tem dado muita dor de cabeça a usuários e condenando a diversidade que tanto caracteriza o nosso país.

Na postagem de hoje, mostro a situação das capitais brasileiras com relação a uniformização da frota convencional (padronização de serviços especiais não são consideradas uniformização, também conhecida como "pintura única" ou "fardamento de frotas") ou não de suas pinturas, acompanhadas de comentários sobre a situação de cada uma. Como desconheço datas de adoção na maior parte das capitais, não colocarei informações referentes a isso nos textos. Vamos lá, começando da região e o estado onde eu moro. Coloco também que critério de variação na padronização que cada capital adotou.

REGIÃO SUDESTE:

- Rio de Janeiro (critério de padronização: por consórcio): Surpreendentemente adotado em 2010, sendo a última capital da região a adotar a antipática medida, apesar de planejado desde 1989, a uniformização da frota municipal desagradou a todos os usuários. Desde a adoção, do contrário das promessas das autoridades que impuseram na marra o sistema, problemas com ônibus só vem aumentando, gerando muitas reclamações e nada resolvendo os problemas de mobilidade. Graças a adesão do Rio de Janeiro, o Sudeste se tornou a única região onde todas as capitais uniformizam a frota.

- São Paulo (critério de padronização: por consórcio):  Há muitos anos uniformizando a sua frota, o sistema não permite a identificação de empresas, totalmente desconhecidas de quem não vive na cidade, apelidando qualquer uma de SPTrans. Recordista de reclamações, foi um dos primeiros a adotar o BRT (sem este nome) no país, mostrando que não basta um belo articulado, lindo de se ver, para resolver a mobilidade urbana como um todo. O fracasso do sistema paulista tem sido ignorado por quase todos, que não conseguem achar uma alternativa ao BRT para resolver os problemas de mobilidade sobre pneus

- Belo Horizonte (critério de padronização: por tipo de serviço): Também com muitos anos de uniformização, adotou recentemente um novo uniforme, bolado pelo designer e busólogo Armando Vilela, mais bonito que o anterior. Usuários não tem grandes problemas porque o critério de variação de cores por serviço confunde menos, apesar de acabar com a fiscalização feita diretamente pela população, que não identifica as empresas.

- Vitória (critério de padronização: por tipo de serviço): Não conheço muito o sistema de Vitória e também não encontro informações detalhadas sobre o mesmo. Me parece que a variação se dá por serviço. Há uma pintura diferente, mais bonita que não é da capital e sim da cidade de Vila Velha, mas que circula predominantemente na capital.

REGIÃO SUL:

- Curitiba (critério de padronização: por tipo de serviço): É o berço dessa pataquada toda. Daí que surgiu toda essa história. Famoso por ser o "melhor sistema de ônibus do país", o sistema foi considerado pelas autoridades um modelo a ser exportado, para outras cidades e até outros países. Mas já dá muitos problemas para os usuários locais, algo que até então era cuidadosamente escondido da mídia, para poder manter a sobrevivência do mito de "melhor sistema".

- Porto Alegre (critério de padronização: não varia): Junto com a capital do Acre, Rio Branco, é a detentora da pintura padronizada mais feia do país. Não tenho informações sobre a qualidade do serviço.

- Florianópolis (sem padronização): A cidade onde eu nasci é, heroicamente, a única capital a ir na contramão do modismo e abolir a padronização (que era variada usando o critério de empresas, como em Aracajú), valorizando a diversidade visual e a identificação de empresas. É a única cidade a adotar o BRT sem uniformizar a frota. Apenas o serviço de executivo te padronização, pois em serviços especiais, a padronização é tolerada, como acontecia no RJ no metrô-ônibus ou no antigo Grande Circular de Salvador.

REGIÃO CENTRO-OESTE:

- Brasília (critério de padronização: desconhecido): Outra a usar a padronização por muito tempo, é o sistema campeão de irregularidades, tendo a peculiaridade de ter ônibus piratas disfarçados na frota principal. usuários sofrem com lotação e carros muito antigos (a renovação de frota é escassa), algo coerente com a cidade dos políticos corruptos. O sistema está em fase de mudança e deverá adotar o terceiro uniforme. Não conheço o critério de variação de cores das pinturas, critério que também pode mudar com o novo sistema.

- Goiânia (critério de padronização: não varia): Com pintura muito semelhante ao que o Rio de Janeiro usou no consórcio Internorte, o sistema tem boa renovação de frota, sendo o primeiro a adquirir a nova geração de Apache Vip, que é sucesso em todo o país (principalmente em Niterói, onde eu moro). Não tenho informações sobre o sistema, que já possui BRT rodando em seu território.

- Campo Grande (critério de padronização: desconhecido): Sem muitas informações sobre o sistema, a não ser o fato de que a atual identidade do uniforme é bem recente. O sistema está em fase de alteração e pode não mais servir o centro da cidade, que poderá se tornar proibida para ônibus.

- Cuiabá (sem padronização): A única da região a não ter uniformização de pinturas no momento. Sem informações sobre o sistema.

REGIÃO NORDESTE:

- Salvador (critério de padronização: parcial, por empresa): Acontece, na capital baiana uma coisa curiosa: oficialmente não há padronização. Mas muitas empresas, por conta própria, resolveram padronizar as suas pinturas na intenção de diminuir custos, optando por um branco básico e a plotagem de um logotipo, variando apenas na pintura das rodas e para-choques. Há uma minoria de empresas que não aderiu à padronização. Serviços especiais tem pintura própria. O Grande Circular, que antes era caracterizado por uma pintura só para o serviço, agora roda com carros sem pintura, como na frota convencional. Apesar de ter sido muito ruim na segunda metade da década de 90, tem melhorado um pouco nos últimos 5 anos, com boa conservação e constante renovação de frota. Está em fase de licitação e há grande risco de uma adoção oficial de uniformização de frota.

- Recife (sem padronização no serviço convencional - adotada apenas em serviços especiais): Embora a capital pernambucana tenha diversidade visual, a maior parte da frota integra um serviço especial de integração de terminais, conhecido como SEI , dando a ilusão de que a frota nesta capital é uniformizada (a nossa análise se refere a frota que opera linhas convencionais). Mas as linhas convencionais (não integradas) continuam ostentando identidade própria das empresas.

- Aracajú (critério de padronização: por empresa): Para uma capital pequena, o serviço é bem elogiado e organizado. Apesar de padronizada, ela utiliza, como critério de variação, a identificação das empresas, o que facilita muito os usuários. Cidades como São José dos Campos utilizam este critério, que é quase como uma padronização relativa, pois as empresas continuam sendo identificadas.

- Maceió (sem padronização): Com um serviço razoavelmente elogiado, caracterizado, como Recife, por ônibus bem longos, Maceió se orgulha de uma frota com diversidade visual, admirada até por usuários, segundo amigos meus que moram na capital alagoana.

- João Pessoa (critério de padronização: parcial, por consórcio): Apesar de algumas empresas ainda adotarem diversidade visual, umas se reuniram em consórcios e uniformizaram seu visual. Não tenho confirmação disso, mas parece que funciona desta forma. Sem mais informações.

- Natal (sem padronização): Caracterizado pelas pinturas mais bonitas da Região Nordeste, tem um sistema bem organizado e valorizado pela diversidade visual. Sem mais informações.

- Fortaleza (critério de padronização: não varia): Recentemente saída de uma nova licitação que a dividiu em consórcios, é caracterizada por uma unica pintura em todo o sistema, sem qualquer variação. A vantagem é que os logotipos das empresas são destacados na pintura. O sistema é bem falho, mas deve sofrer alterações com o resultado desta licitação.

- Teresina (critério de padronização: não varia): Curiosamente adotada ao mesmo tempo que no Rio de Janeiro, a padronização se caracteriza pela reconstituição da extinta estampa da empresa carioca Matias, com um verde monocromático. Não tenho informações sobre o sistema (assim como não tenho informações sobre qualquer coisa relacionada a capital piauense).

- São Luiz (critério de padronização: desconhecido): Caracterizada por uma pintura bem feia e cheia de desenhos que desorganizam a estampa, se mostra um sistema desleixado e com uma frota predominantemente antiquada. Sem mais informações.

REGIÃO NORTE:

- Manaus (critério de padronização: distribuição dos lotes de linhas): Recentemente, o sistema de ônibus de Manaus chegou a um recorde: a maior renovação de frota, em quantidade ocorrida em um único período em toda a história do transporte brasileiro, com mais de 550 carros de uma só vez. A aquisição envolve ônibus de última geração com os mais recentes modelos de chassis e carrocerias. Há promessa de melhoria no sistema como um todo.

- Belém (critério de padronização: por consórcio): Com renovação constante de frota, os sistema de Belém também se encontra em reestruturação. Não tenho mais informações a respeito.

- Palmas (critério de padronização: não varia): houve renovação recente de frota. Sem mais informações.

- Rio Branco (critério de padronização: por empresa): Como em Salvador, a pintura é uma só, mas a diferença se nota no para-choque, com cada empresa sendo representada por uma cor. Renovação de frota regular. Sem mais informações.

- Boa Vista (critério de padronização: por empresa): Com pintura parecida com a paulistana, há variação por empresa, com uma cor para cada. Frota antiga. Sem mais informações.

- Porto Velho (sem padronização): Frota antiga, com predominância de veículos usados. Sem mais informações.

- Macapá (sem padronização): A capital do Amapá surpreende pela frota renovada e por belas estampas de pintura, coisas típicas das grandes cidades em que há diversidade visual. Não tenho mais informações além disto.

sábado, 17 de agosto de 2013

AS PREFEITURAS E OS GOVERNOS SÃO DONOS DAS LINHAS. NÃO DOS VEÍCULOS!

Bomba! A padronização visual imposta aos ônibus municipais e metropolitanos em várias cidades do país além de não ter vantagens e de estar contrário ao interesse público, é contrário à lei.

As prefeituras querem mandar na pintura dos veículos quando na verdade deveriam se limitar a aspectos relacionados com as linhas. Até porque as prefeituras são donas apenas das linhas e não dos veículos, que são propriedade exclusivas das empresas que fazem a concessão.

O sistema é de concessão de linhas. As prefeituras estabelecem as linhas, seus trajetos e características. O que elas podem fazer é determinar que tipo de veículo deve fazer as linhas. A pintura, deve ser decidida pela empresa. 

As prefeituras e governos, ao estipularem que tipo de pintura devem ter os carros, na verdade estão encampando as empresas e dizendo que aqueles carros pertencem à prefeitura, como se fossem os carros oficiais que as servem. As empresas, sem identidade ou marca, acabam piorando seus serviços, pois sem identificação, não podem ser fiscalizadas pela população, já que a identidade se limita arazão social presente em documentos guardados em gravetas trancadas nas prefeituras. Além disso, muitas empresas com uma só pintura confundem usuários que apressados, não terão tempo para procurar o letreiro das linhas.

As prefeituras e governos não são donos das frotas. Elas pertencem as empresas. E são as empresas que devem decidir que aparência terão os seus veículos. As autoridades do poder executivo, ao se preocuparem com o visual dos ônibus, acabaram relaxando em outros aspectos mais coerentes com a verdadeira responsabilidade que possuem: o bom funcionamentos das linhas. 

Uniformizar a frota para transformar as empresas em meros empregados das prefeituras é ato mesquinho e nada tem de vantajoso, prejudicando o interesse público. Afinal, quem defende a uniformização (ou padronização, como é mais conhecida), não sabe o que é andar de ônibus. Se soubesse, combateria a uniformização ao invés de defendê-la. 

Afinal, é bonito ver um sistema de transporte coletivo fracassar quando se anda de automóvel.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

CPI DOS ÔNIBUS COMEÇA COM CLIMA TENSO

MANIFESTANTES JÁ REALIZARAM PROTESTOS NA VÉSPERA DA PRIMEIRA REUNIÃO, DEPOIS DE INFORMADOS PELA IMPRENSA DO RIO DE JANEIRO.

A CPI dos Ônibus começou hoje de manhã, na Câmara dos Deputados do Rio de Janeiro, já com um procedimento estranho. Para presidente da CPI, foi escolhido como presidente justamente o parlamentar que votou contra a criação da CPI, Chiquinho Brazão (PMDB). Outro parlamentar, Professor Uoston (PMDB), foi escolhido para relator.

Sentindo o cheiro de "chapa branca", manifestantes fizeram protesto hoje de manhã em frente à Cinelândia, onde fica a Câmara. Indignados com a indicação de Brazão, as pessoas que aguardavam nas longas filas pela entrada na CPI dos Ônibus e as 50 pessoas que já estavam presentes no salão de reunião protestavam e vaiavam os parlamentares.

Alguns revoltosos que estavam fora da Câmara invadiram o gabinete de Brazão e depredaram e picharam as paredes. Foram pichadas frases como "Ladrão", "CPI do busão", "Isso aqui é a gaiola dos ladrões", "O povo no poder", "Poder popular" e  "Amarildo?".

Quem estava ainda fora exibia cartazes como "Fora Cabral" e "Nem todo mundo tem helicóptero", além de acusar a escolha dos dois parlamentares governistas como "golpe sujo". Os que estavam dentro chegaram a subir nas cadeiras para expressar seu protesto. Os manifestantes ainda querem que o vereador Eliomar Coelho (PSOL), de oposição, assuma uma das duas funções.

Protestos nas diversas ruas do Centro do Rio foram marcados pela tensão e pela repressão policial. Manifestantes ligados ao grupo Black Bloc foram detidos e depois liberados. Um prédio da empresa EBX, de Eike Batista, foi depredado e uma agência bancária foi invadida.

O deputado Marcelo Freixo, seu assessor e outros deputados que tentaram negociação na casa parlamentar foram agredidos ou atacados com gás de pimenta. Um chefe de segurança da Câmara barrou o acesso até da Anistia Internacional.

Dos cinco parlamentares envolvidos na elaboração da CPI, somente Eliomar Coelho havia solicitado sua instalação. Os demais não assinaram o requerimento de dois meses atrás e estão ligados à base de apoio do governador Sérgio Cabral Filho e do prefeito carioca Eduardo Paes.

A CPI dos Ônibus será o primeiro evento do gênero a ter suas reuniões inteiramente filmadas e distribuídas para divulgação nos meios de comunicação. Haverá participação popular, mas até agora não foi divulgada a forma de como se dará essa participação.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

CPI E HADDAD VÃO INVESTIGAR TROCA DE NOMES DE EMPRESAS



COMENTÁRIO DESTE BLOGUE: O que a pintura padronizada é capaz de fazer, acobertando a corrupção das empresas a ponto delas mudarem de nome sem que os passageiros tenham a menor ideia ou, quando muito, eles se tornam os últimos a saber.

Sabe-se que colocar diferentes empresas sob a mesma pintura não traz transparência e, além disso, cria sérios transtornos para a população. Aqui está um exemplo relacionado ao transporte paulistano, relatado pelo jornalista e especialista em ônibus Adamo Bazani.

EXCLUSIVO: CPI e Haddad vão investigar troca de nomes de empresas

Por Adamo Bazani - Blog Ponto de Ônibus

CPI dos Transportes vai investigar denúncia veículada pela CBN que revela que empresas de ônibus com bloqueios judiciais e problemas operacionais mudam de nomes para continuarem os contratos com o poder público e participarem de novas licitações. Prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, declarou que vai analisar a possiblidade de impedir a manobra no próximo edital de licitação

Empresas de ônibus com problemas judiciais e de operação trocam de nomes para continuar participando de licitações promovidas pelo poder público. A manobra é comum em diversas cidades. A prática não é ilegal, mas é considerada imoral por especialistas ao permitir que maus empresários continuem atuando no ramo dos transportes. Ainda segundo os especialistas, a manobra, que traz prejuízo aos passageiros, pode ser evitada pelo poder público.

Ouça duas reportagens na Rádio CBN:

INVESTIGAÇÃO DA CPI:

http://cbn.globoradio.globo.com/sao-paulo/2013/08/01/CPI-DOS-TRANSPORTES-VAI-INVESTIGAR-MANOBRA-DE-EMPRESAS-DE-ONIBUS-PARA-PARTICIPAR-DE-NOVAS.htm


DENÚNICA SOBRE ALGUMAS EMPRESAS:

http://cbn.globoradio.globo.com/sao-paulo/2013/08/01/EMPRESAS-DE-ONIBUS-COM-PROBLEMAS-JUDICIAIS-E-DE-OPERACAO-TROCAM-DE-NOMES-PARA-PARTICIPA.htm


Adamo Bazani, jornalista da rádio CBN, especializado em transportes.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

A QUEM INTERESSA A PADRONIZAÇÃO VISUAL DOS ÔNIBUS?

Autoridades existem para satisfazer o interesse público, ou seja, o interesse das pessoas que as elegeram. As medidas só deveriam ser tomadas com consulta popular e/ou visando o benefício da população, evitando o mínimo de sofrimento.

Mas como o poder muda mentes, as autoridades, tendo a capacidade de criar leis como quem comanda uma brincadeira de criança, aproveitam isso para estabelecer normas que na verdade só servem para satisfazer interesse próprio e reafirmar ainda mais o doentio vício do poder. A colocação de uniforme municipal em frotas de ônibus, destacando o nome da prefeitura é um dessas normas.

E a quem interessa colocar uma farda em ônibus? A lógica demonstra que nada tem de vantajoso colocar uniforme em ônibus. Ela prejudica quem tem dificuldade ou pressa para pegar o ônibus desejado, dificultando a identificação imediata. Impede a identificação das operadoras, o que transforma a prefeitura numa mediadora perante as reclamações pelas melhorias do transporte. Se as prefeituras errarem, a população perde o direito de fiscalizar diretamente o transporte, pois já não sabe mais quem serve o que em sua cidade. E as empresas, não identificadas, seguem imunes a qualquer tipo de punição, o que favorece muito as piores empresas, "sósias" visuais das melhores operadoras do transporte municipal.

A única vantagem (se é que podemos chamar de "vantagem") é de interesse exclusivo das próprias prefeituras, já que só serve para afirmar que a frota é administrada por tal prefeitura. Muitas vezes serve como "camisa de força" autoritária, como forma de dizer que a prefeitura manda nos ônibus.

E por incrível que pareça, do contrário que muitos pensam, esse aumento de poder das prefeituras sobre os ônibus em nada ajuda a melhorar o transporte. E como a prática em muitas cidades mostra, até piora, pois a população, que conhece realmente os problemas dos transportes (prefeitos não andam de ônibus), fica impedida de fiscalizar diretamente a qualidade de seus ônibus.

Apesar de prefeitos e busólogos (sim, busólogos são a favor de padronização visual, pois enxergam os ônibus como admiradores e não como passageiros usuários do transporte - se é bonito e possante, tá bom, já que a parte operacional dos ônibus não lhes interessa) alegarem que a padronização favorece os passageiros, na prática não se vê isso. Conversando com passageiros, percebe-se que ficou mais difícil pegar ônibus. Muitas empresas omitem a informação das linhas nas partes lateral e traseira, se limitando a dianteira. Se um carro não é visto de frente, ele não é identificado.

Apesar de prefeituras alegarem estar de acordo com o interesse publico, dá para ver que não estão. Essa conversa é justamente para tentar escapar das acusações justas de que estariam fazendo com que os sistemas de ônibus funcionem a gosto próprio, sem saber se estão ou não beneficiando a população. Eles não andam de ônibus mesmo: o que houver de fracasso não atinge prefeitos e equipe técnica.

E como afirma aquele ditado que diz que "a corda sempre arrebenta do lado mais fraco", prefeituras e empresas seguem protegidas por um uniforme que ofusca a transparência, sobrando para a população a pior fatia do bolo: um sistema ruim que só piora cada vez mais, sem perspectiva de melhorias reais.

Com absoluta certeza, este sistema não satisfaz o interesse público. Mas satisfaz o de prefeituras e o de empresas operadoras.

domingo, 28 de julho de 2013

OS DESAFIOS DE SE COMBATER A PADRONIZAÇÃO VISUAL DOS ÔNIBUS

A mania das prefeituras em estipular um uniforme para as frotas municipais (e em alguns governos, as frotas metropolitanas também), conhecida como "padronização visual", ainda não possui uma repercussão negativa perante a opinião pública. A população, sem entender o que acontece, simplesmente aceita numa boa, mesmo sabendo que colocar farda em ônibus gera transtornos cotidianos. Muitos confiam no - suposto - conhecimento técnico de prefeitos e equipe, mesmo sabendo que na política, a especialização técnica não é muito levada em conta.

Mas as coisas são do contrário do que se pensa. Especialistas como o engenheiro de transporte Fernando MacDowell e o radialista e estudioso de transporte Adamo Bazani, já haviam alertado para as desvantagens do fardamento de frotas de ônibus imposto pelos prefeitos.

O bom senso e a lógica só mostram uma única vantagem desse fardamento e que só beneficia os próprios prefeitos: a oportunidade de usar a farda como propaganda das prefeituras. Nenhum passageiro é beneficiado com a colocação de farda nos ônibus, esta uma invenção de Jaime Lerner inspirada nos veículos das forças armadas.

Mas o combate ao fardamento de frotas e o retorno à identificação fácil e rápida de empresas ainda está muito difícil de começar. A falta de uma opinião pública que ajude na repercussão da causa ainda favorece a permanência do fardamento das frotas. Apesar de, além de ficar cada vez mais difícil de pegar ônibus e com o fato da dificuldade de identificar empresas ter favorecido queda nos serviços e muita corrupção nos bastidores, a sociedade ainda não se mobilizou para tentar acabar com esta medida tomada arbitrariamente, sem consultar a opinião pública, tal e qual era nos tempos ditatoriais.

Os poucos que se dispõem a combater a medida devem agir rápido e procurar ao máximo convencer a opinião pública, atraindo-a para a causa. Senão, teremos ainda que engolir as "Cidades de Sicrano" que irão rodar por aí, confundindo as nossas mentes e favorecendo a corrupção política e empresarial.