segunda-feira, 24 de agosto de 2015

CRÔNICA DE UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA EM FOTOS

Enquanto o subsecretário de Transportes da Prefeitura do Rio de Janeiro, Alexandre Sansão, fala mil maravilhas sobre a mudança das linhas de ônibus da Zona Sul, recolhemos amostras de fotos de vários veículos da imprensa carioca como uma amostra do que estará por vir.

BRTs e metrôs superlotados, pontos de ônibus cheios de gente, longas esperas por ônibus, trânsitos congestionados. Isso é o que os chamados "especialistas" em mobilidade urbana não admitem ou, quando assim o fazem, tentam minimizar seus efeitos. A realidade nega veementemente esses argumentos.

Aqui mostraremos fotos de vários episódios que dizem muito mais do que promessas otimistas. São registros verídicos que indicam o que virá por aí a partir de outubro e o que os cariocas irão aguentar todos os dias, com muito mais frequência. As fotos foram extraídas de várias fontes e em seus arquivos foram dados os créditos de autoria e as fontes.


















sexta-feira, 21 de agosto de 2015

PROJETO DE LINHAS PARA ZONA SUL DO RJ É FORA DA REALIDADE E PODE GERAR 'APARTHEID' SOCIAL

 A LINHA 177 É UMA DAS QUE SERÃO EXTINTAS.

Uma das mais perversas alterações do sistema de ônibus do Rio de Janeiro terá seus piores momentos a partir de outubro, quando a temida ligação Zona Norte-Zona Sul por ônibus será extinta num pacote de reformulação de linhas feito pelo subsecretário de Planejamento da Prefeitura do Rio de Janeiro, Alexandre Sansão.

Completamente alheio à realidade dos passageiros de ônibus, Alexandre Sansão, como seu inspirador Jaime Lerner (político e arquiteto paranaense ligado à ditadura militar), pensa a mobilidade urbana através de fórmulas matemáticas e aplicativos de Informática, e por isso anunciou que pretende substituir 33 linhas de ônibus por cinco "troncais" da Zona Sul para o Centro e Barra da Tijuca.

Alegando querer "racionalizar" o trânsito no Rio de Janeiro, ele já ceifou várias linhas de ônibus funcionais, substituídas por trajetos esquartejados feitos por linhas "alimentadoras", para atender a baldeação, sob tarifa do Bilhete Único, nos terminais de Madureira, Alvorada e Fundão.

Linhas tradicionais, funcionais, de grande demanda e percursos exclusivos como 465 Cascadura / Gávea, 676 Méier / Penha, 910 Bananal / Madureira e 952 Penha / Praça Seca foram extintas e substituídas por trajetos que correspondem a qualquer das metades dessas linhas.

ATITUDE DO SUBSECRETÁRIO ALEXANDRE SANSÃO CHEGA A SER COMPARADA, EM ARBITRARIEDADE, AO DEPUTADO CARIOCA EDUARDO CUNHA.

A atuação de Alexandre Sansão já está sendo comparada, em arbitrariedade, ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, uma vez que a substituição das linhas, a exemplo dos casos anteriores, será feita por linhas de BRT que só compensarão parcialmente os ônibus que serão tirados de circulação com as linhas desativadas ou mutiladas.

Eduardo Cunha é conhecido por adotar pautas anti-populares, como a terceirização do mercado de trabalho (que desqualifica a mão-de-obra e elimina garantias sociais), e pelo seu estilo prepotente de comandar parte do Poder Legislativo.

A comparação faz sentido porque Eduardo Cunha é do mesmo PMDB carioca ao qual pertence o governante a quem Sansão está subordinado, o prefeito carioca Eduardo Paes. O PMDB do Rio de Janeiro é hoje conhecido por decisões autoritárias que contrariam o interesse público e as leis.

Entre as linhas que serão extintas estarão a 121 Central / Copacabana e a 177 Praça Mauá / São Conrado, substituídas pelas troncais Centro-Zona Sul. Linhas circulares da Zona Sul serão extintas para dar lugar a troncais da Zona Sul para a Barra da Tijuca.

Já linhas tradicionais, como 455 Méier / Copacabana, 474 Jacaré / Jardim de Alah e 484 Olaria / Copacabana terão percurso reduzido para o Centro. A ligação direta Zona Norte-Zona Sul será extinta, ameaça que surgiu quando o projeto foi divulgado por tecnocratas do COPPE-UFRJ (Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

É aí o ponto mais grave da mudança de linhas, o que poderá gerar um sério apartheid social, já que, embora não haja proibição formal dos moradores dos subúrbios se deslocarem para a Zona Sul e vice-versa, o acesso a ela, sobretudo para suas praias, será seriamente dificultado.

Com as mudanças, os passageiros da Zona Norte serão obrigados a pegar ônibus para o Centro e, daí, pegar ônibus para a Zona Sul. Do contrário que Alexandre Sansão e similares afirmam, ela não é tão fácil e quase nunca é confortável, porque quase sempre quem viaja sentado no primeiro ônibus é obrigado a ficar em pé no segundo.

O tumulto das linhas da Central já é muito com a estrutura atual de linhas, Observa-se longas filas e a tentativa dos fiscais de evitar o tumulto no embarque das linhas, que saem quase sempre lotadas. Com a extinção dos trajetos diretos, as demandas que eram atendidas por linhas vindas da Zona Norte se somarão à demanda do terminal.

A sobrecarga de passageiros irá intimidar muita gente a enfrentar o desconforto das novas linhas. Risco de assédio sexual e furtos será muito grande. A confusão já é vista em BRTs do Fundão, Madureira e Alvorada, e o ar condicionado em ônibus de janelas fechadas só agrava o desconforto. Uma reportagem mostrou uma passageira chorando por se sentir sufocada em um BRT superlotado.

E aí, somando tudo isso com a extinção de linhas para a Zona Sul, a demanda será inevitavelmente caótica. Isso será muito grave, porque os ônibus sairão sempre lotados. Daí que diplomas e cargos técnicos não são suficientes para trazer uma abordagem consistente de mobilidade urbana. Sem a vivência da realidade do povo, compreender o sistema de ônibus se torna inútil.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

SETRERJ RI DA CARA DOS NITEROIENSES COM "PORTAL DA TRANSPARÊNCIA"

PINTURA PADRONIZADA IMPEDE QUE TRANSPARÊNCIA SEJA EFETIVADA NO SISTEMA DE ÔNIBUS DE CIDADES COMO NITERÓI.

Não se sabe se é para rir ou para chorar. Segundo reportagem do jornal O Globo, o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Rio de Janeiro (SETRERJ) anunciou que vai criar um"portal da transparência" com informações sobre frotas de ônibus, itinerários, horários de viagens e outras informações operacionais.

A informação, aparentemente, atende a uma cobrança da fracassada CPI dos Ônibus de Niterói, e apresentará também informações como quais os ônibus que possuem ar condicionado, aviso sonoro e conexão em wi-fi (Internet sem fio). No entanto, dados como a auditoria externa dos contratos e divulgação de planilhas para cálculo das tarifas não foram anunciados.

A medida é apenas um dos inúmeros paliativos que o sistema de ônibus de Niterói, que em 2012 passou a adotar o mesmo modelo vigente no Rio de Janeiro, apenas com algumas adaptações de contexto, que tentam, em vão, compensar a pintura padronizada que, segundo as autoridades, "tira o vínculo das empresas às linhas operadas".

FALTA DE FUNCIONALIDADE

Sem o direito de cada empresa de ônibus apresentar sua própria identidade visual, todos esses paliativos ocorrem em vão, porque a verdadeira transparência, que é o passageiro identificar a empresa não apenas pelo logotipo colocado na janela ou no letreiro digital, mas a pintura própria da mesma, não acontece.

Daí que soam inúteis ou, quando muito, de eficácia bastante limitada, medidas como exibir logotipos em janelas (como no caso da Viação Pendotiba, Auto Lotação Ingá, Viação Araçatuba e Expresso Barreto) ou em letreiros digitais (como no caso da Expresso Miramar).

Há também o paliativo de permitir a variação de design nos folhetos de itinerários colocados nos ônibus, o que soa bastante irônico e jocoso para os passageiros, uma vez que as palavras, em muitos casos, são difíceis de ler.

Existe até uma piada que, se a pintura padronizada dos ônibus do Rio de Janeiro apresenta uma estética de "embalagem de remédio", a pintura padronizada dos ônibus de Niterói vem com a bula colada nos seus respectivos veículos.

Colocar informações na Internet sobre as frotas ou lançar aplicativos GPS, como ocorre em algumas cidades, sobre dados de cada empresa, soa inútil, porque com a pintura padronizada fica sempre complicado. Paliativos como esses nem de longe conseguem resolver, até porque eles também são um tanto complicados.

As autoridades que promovem a pintura padronizada tentam, com essas medidas junto ao empresariado, se passar por "modernas" e apelar para a tecnologia, nem sempre eficiente, para tentar, em vão, descomplicar a confusão dos ônibus padronizados.

A confusão continua no cotidiano. É só observar a fileira de ônibus que passa pela Av. Visconde do Rio Branco, próximo à Rua Marechal Deodoro e o acesso ao Terminal João Goulart. A pintura única de cada consórcio, desvinculando as empresas da identificação visual, mas vinculando a mesma à Prefeitura de Niterói, é de deixar qualquer um com dor-de-cabeça com tantos ônibus iguaizinhos.

Daí que esse "portal da transparência" soa como uma piada para a população, porque esse portal poderá trazer tudo, menos transparência.