quinta-feira, 13 de novembro de 2014

PROIBIDAS DE USAR SUA IDENTIDADE VISUAL, EMPRESAS DE ÔNIBUS DO RJ PIORAM SERVIÇO

VIAÇÃO VERDUN JÁ FIGURA ENTRE AS PIORES EMPRESAS DE ÔNIBUS CARIOCAS.

Desde que foi implantado um modelo autoritário e tecnocrático do sistema de ônibus do Rio de Janeiro, há quatro anos atrás, o serviço piorou consideravelmente. Afinal, a crise de representatividade operacional trazido pela Prefeitura carioca, uma desnecessária intervenção estatal num serviço prestado por particulares, contribui para o declínio do sistema.

Para entendermos a situação, vamos dar como exemplo o bairro de Copacabana, considerado um dos principais da Zona Sul carioca e que poderia sugerir uma demanda mais conceituada dos ônibus que circulam pela região.

Ontem, numa caminhada por Copacabana, observou-se que quase todos os ônibus estão sucateados, sempre com alguma parte da lataria amassada, rodando como se estivessem com os parafusos se soltando e com o motor sujo e abafado.

Isso já acontece há algum tempo, mas agora tudo isso tem um ingrediente mais dramático: mesmo ônibus com alguns meses de fabricação já apresentam não só lataria amassada mas também arranhões diversos.

Um dos casos mais deploráveis é a Viação Verdun, que já se equipara à Expresso Pégaso em qualidade da frota, com ônibus que parecem mais antigos do que realmente são, e um péssimo estado de conservação que envolve veículos comprados há apenas poucos meses. Antes excelentes, Transurb e Nossa Senhora das Graças agora se destacam pelo sucateamento severo dos veículos.

Mas outras empresas como Braso Lisboa, São Silvestre, Real, Alpha, Futuro e Redentor também demonstraram péssimo estado em suas frotas, o que nos faz sugerir que o fantasma da Trans1000, extinta empresa da Baixada Fluminense, incorporou no sistema de ônibus carioca.

Se em Copacabana os ônibus demonstram estar um lixo - só se salvam carros comprados no prazo não superior a dois meses, e mesmo assim poucos - , os demais bairros cariocas apresentam frotas ainda mais sucateadas. Na Zona Oeste, o problema atinge pontos mais críticos.

Impedidas de apresentar sua identidade visual, o que influiria na relação econômica com o público que se utiliza de seus serviços, as empresas de ônibus são desestimuladas a promover competitividade, já que são amarradas num sistema de consórcios, de valor e eficiência duvidosos.

Com isso, nenhuma delas é estimulada a promover um diferencial de serviço, já que umas são iguais às outras pela pintura, e praticamente passam "apagadas" pelas ruas. Que diferença tem uma Viação Acari, uma Viação Verdun e uma Viação Madureira Candelária, por exemplo? Nenhuma.

Se nenhuma delas é estimulada a promover um diferencial de serviço, devido à intervenção estatal - a pintura padronizada dá mais ênfase ao logotipo da Prefeitura do Rio de Janeiro - , então elas reagem à arbitrariedade política piorando o serviço.

Com isso, o prefeito Eduardo Paes mexeu em time que estava ganhando, embora não jogasse bem. Mas se o sistema de ônibus carioca antes de 2010 tinha seus problemas, eles apenas pioraram quando Eduardo Paes e seu pupilo Alexandre Sansão foram se meter em algo que não entendiam bem, que é o transporte coletivo. Daí o desastre que somos obrigados a encarar todos os dias.