Limitar o acesso da população da Zona Norte para as praias da Zona Sul, através do fim das linhas diretas entre as duas zonas e com o paliativo da praia artificial do entorno de Madureira, não irá resolver o problema da violência nas ruas e praias de bairros como Copacabana, Ipanema e Leblon.
Hoje houve vários arrastões em Ipanema, além de um incidente em um ônibus da linha 476 Méier / Leblon, em que menores derrubaram as janelas e depois foram detidos pela polícia. Vinte ladrões saquearam uma loja, assaltaram os vendedores e depois renderam uma pedestre e levaram vários objetos de valor, no Humaitá.
Hoje houve vários arrastões em Ipanema, além de um incidente em um ônibus da linha 476 Méier / Leblon, em que menores derrubaram as janelas e depois foram detidos pela polícia. Vinte ladrões saquearam uma loja, assaltaram os vendedores e depois renderam uma pedestre e levaram vários objetos de valor, no Humaitá.
O esquema de linhas, que restringirá os trajetos de linhas da Zona Norte para a Zona Sul, hoje ainda em circulação, para os já tumultuados pontos de ônibus da Candelária, sobrecarregando não só a área como também a Central, outro terminal de embarque para a Zona Sul, representará uma incômoda baldeação para BRTs superlotados, o que desestimulará a população da Zona Norte, geralmente portando objetos como boias, toalhas e até mesmo marmita - que valeu a essas pessoas o rótulo de "farofeiros" - a se deslocarem de ônibus para essas praias.
Só que a dificuldade a ser imposta a partir de outubro, quando haverá a redução gradual de trajetos de ônibus, que já afetará linhas principais - 455, 474 e 484 encerrarão seu percurso na Av. Pres. Vargas, junto à famosa igreja - , nem de longe afastará a violência que as elites da Zona Sul atribuem, com generalizado preconceito, às populações pobres que frequentam as areias das praias.
Em primeiro lugar, porque os vândalos e bandidos não se sentem preocupados em fazer baldeação por ônibus e ir para as praias cometer seus habituais crimes. Eles, que furtam ou roubam carteiras e dinheiro com muita naturalidade, não sentem medo em cometer assaltos ou furtos, e saltar em qualquer ponto e arrecadar o que podem para pegar outros ônibus para chegarem às praias. Eles já estão acostumados com muito mais baldeações do que as previstas para o próximo mês.
Em segundo lugar, porque duas grandes favelas já existem, entre tantas outras na Zona Sul, como o Pavão-Pavãozinho e a Rocinha. Quanto a esta favela, situada em São Conrado, seu cenário chega a assustar pela alta presença de construções degradadas que a exclusão imobiliária empurrou para muitos pobres cariocas. E é um dos cenários de maior ocorrência de violência, com episódios trágicos que ocuparam os noticiários nacionais.
Além disso, até mesmo para pessoas de bem a baldeação nas linhas causará revolta, porque embarcar no segundo ônibus quase nunca garante a comodidade e o conforto de quem vem do primeiro ônibus. Com isso, o morador do Méier, Usina, Olaria e Jacaré que pegar sentado o ônibus para a Candelária, dificilmente irá sentado para o ônibus BRT da Candelária para a Zona Sul.

O atual sistema de ônibus do Rio de Janeiro é, por sua própria natureza, desprovido de funcionalidade e complicado em seus aspectos e medidas. As autoridades prometem descomplicar, mas como é que elas poderão fazer isso se elas mesmas é que impõem essas complicações? Descomplicar o complicado é bem mais complicado, quando a complicação faz parte do processo.
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