quinta-feira, 7 de novembro de 2013

EXPLICANDO PORQUE A PADRONIZAÇÃO DE PINTURAS DOS ÔNIBUS É NOCIVA

Muita gente ainda não sabe como a colocação de fardas nas frotas de ônibus, com destaque aos logos das prefeituras, é prejudicial a qualidade dos serviços de transporte municipal. Aparentemente soa o contrário, que a colocação de uniformes serve para deixar claro que o poder público zela pelo transporte de sua cidade. Mas o que se vê é o contrário: o transporte piorando cada vez mais. Mas o que essa piora tem a ver com a pintura padronizada?

Engana-se quem pensa que a padronização de pinturas respeita totalmente o caráter concessivo dos sistemas de ônibus, representando apenas um embelezamento estético e identificação do município. Basicamente, quando prefeituras e governos decidem padronizar frotas, elas estão querendo dizer que as mesmas pertencem ao poder executivo que os controla. É uma espécie de encampação em que o seu sustento financeiro vem das empresas e não do poder público.

Com isso, quem passa a administrar o transporte não são mais as empresas, limitadas a ceder as frotas para o poder executivo e cuidar da manutenção e da compra dos veículos. As empresas passam, através de consórcios, a serem empregados das prefeituras, o que descaracteriza o sistema de concessão, transformando em uma encampação enrustida.

E o que são os consórcios? No caso, é uma espécie de "empresa", de caráter público, onde se reúnem empresas que EM TESE, passam a operar juntas. Mas não é o que acontece na prática, já que os sistemas de ônibus continuam operando da mesma forma que antes, com a diferença do aumento do poder executivo sobre o sistema e da pintura que caracteriza esse aumento de poder.

Dá para perceber que é um modismo, já que isso, segundo a lógica, em si não melhora sistema nenhum. Acharam que é uma fórmula pronta e resolveram adotar, acreditando que a adesão de muitas cidades a esse tipo de sistema serve como atestado de êxito ao mesmo. 

Mas o que se vê é uma piora no sistema, pois há divergência entre as empresas e os governos que gerenciam, resultando numa briga interna e eterna em que quem paga o pato é a população que se utiliza do transporte, proibida de fiscalizar diretamente o transporte por não identificar mais a empresa que opera a sua linha. Com a padronização de pintura, não só o poder executivo se torna mais poderoso como se transforma no único meio capaz de "socorrer" a população no caso dos constantes erros nas operações de transporte.

E nós conhecemos nossos políticos. O que deveria ser mera representação popular, a carreira política se transformou numa excelente fonte de renda e profissão carreirista que transforma cada político em um verdadeiro magnata, somando poder financeiro ao poder de decisão e o prestígio que possui. Isso significa que entregar o sistema  de transporte a eles, de maneira integral, sem dar oportunidade da população de fiscalizar diretamente a qualidade do transporte, é um péssimo negócio.

Esconder a identidade das empresas, não somente dificulta a identificação por parte da população, como favorece a corrupção e várias irregularidades, já que a não há identificação imediata, favorecendo que muitas coisas aconteçam por "debaixo dos panos". E com o poder executivo das autoridades devidamente aumentado, o que vai valer mesmo é o interesse de prefeitos, governadores e seus assessores e secretários, seres humanos tão falhos quanto qualquer outro, com sede de poder e com perspectiva de aumentar o patrimônio pessoal de bens e dinheiro.

Não defendo aqui o interesse de empresários do transporte, também seres humanos falhos e com os mesmos interesses disputados pelos governantes. Mas o que defendo é a o direito da população de conhecer com facilidade as operadoras dos sistemas de transporte, para que ela gerencia diretamente a qualidade do mesmo, sem ter que recorrer a autoridades de índole duvidosa para tentar melhorar um sistema que só piora a cada dia, optando pelo uso de fórmulas prontas como meio de resolver os problemas que são diferentes em cada cidade.

Só resta mesmo dizer que Jaime Lerner, o criador desse "samba do crioulo doido" deve estar rindo a toa, pois foi com a intenção de ganhar dinheiro vendando as suas ideias, que todos decidiram colocar uniforme em ônibus. Agora só falta obrigar as pessoas a saírem das ruas uniformizadas.

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