quarta-feira, 7 de outubro de 2015

MUDANÇAS NOS ÔNIBUS DO RJ SÃO COMPARADAS A "PAUTAS-BOMBA" DO DEPUTADO EDUARDO CUNHA

RAFAEL PICCIANI E EDUARDO CUNHA SÃO DO MESMO PMDB CARIOCA.

Conforme o previsto, as mudanças nas linhas de ônibus no Rio de Janeiro causaram incômodos e desconforto para os passageiros. Além da baldeação que obriga os passageiros a abrir mão do conforto do primeiro ônibus quando embarcam no segundo, praticamente são forçados a pagar a segunda tarifa porque a validade do Bilhete Único se esgota já no primeiro percurso.

Só qualquer um dos trajetos para o Centro, que fazem parte do sistema integrado, chega a durar mais de duas horas e meia - o prazo para o Bilhete Único garantir a gratuidade no segundo ônibus - , principalmente por causa das ruas congestionadas. O anúncio da redução dos ônibus estimulou o já problemático uso de automóveis, aumentando os congestionamentos no Rio de Janeiro.

Embora a imprensa tivesse que moderar na cobertura, evitando falar da confusão dos embarques no primeiro dia da medida, em que várias linhas tiveram percurso reduzido, outras foram extintas e novas linhas integradas foram criadas, para não afetar os interesses turísticos - os poucos repórteres fizeram a cobertura longe dos terminais - , ela teve que admitir os transtornos.

Alguns passageiros usavam como manobra esperar boa parte do trajeto para passarem pelo torniquete, como tentativa de atrasar o uso do Bilhete Único e garantir a gratuidade no segundo ônibus. No entanto, os congestionamentos intensos, como os do entorno de Botafogo, Laranjeiras e Aterro do Flamengo, na Zona Sul, e no Maracanã, na Zona Norte, fazem esgotar o cartão eletrônico.

ALIADOS - RAFAEL PICCIANI, ENTÃO CANDIDATO A DEPUTADO ESTADUAL, APARECE JUNTO AO TAMBÉM CANDIDATO EDUARDO CUNHA, EM CAMPANHA ELEITORAL EM 2014, NA ZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO.

RACIONALIZAÇÃO OU TERCEIRIZAÇÃO?

Rafael Picciani, apesar do claro autoritarismo, tentou arrumar desculpas para impor a mudança nas linhas de ônibus, forçando a mudança de hábitos dos cariocas com a imposição de limitações para o transporte coletivo. Ele jura que adotou as medidas para "racionalizar" o sistema de ônibus carioca.

Ele alegava que os ônibus "rodavam vazios", havia "sobreposição de percursos" e o fim das ligações diretas da Zona Norte para a Zona Sul "não têm relação" com alguma represália contra os arrastões atribuídos a jovens do Jacarezinho que pegavam o ônibus 474 para Copacabana e Ipanema. Alega o secretário municipal de Transportes que as mudanças haviam sido "planejadas antes".

Os três argumentos são combatidos pela realidade que se observa nas ruas cariocas. Os ônibus, que não andavam tão vazios assim e passaram a circular bastante lotados, sendo superlotados até mesmo fora dos horários de pico.

Antes das mudanças nas linhas de ônibus, realizamos pesquisas no entorno da Av. Rio Branco, entre a Praça Mauá e a Cinelândia, e observamos que na época os ônibus já vinham da Central e da Rodoviária com considerável lotação, embora com alguns assentos vagos.

Hoje, verificando o novo sistema, os ônibus entram na Av. Rio Branco com todos os assentos ocupados, e já com cerca de dez pessoas em pé, típico em linhas que costumam superlotar ao longo do percurso. Com menos ônibus nas ruas, também o tempo de espera aumentou, chegando a ser de uma hora em certos casos.

As mudanças já começam a ser comparadas pelos cariocas às "pautas-bomba" lançadas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, famoso pela sua conduta autoritária. O deputado é do mesmo partido de Picciani, o PMDB carioca, famoso por adotar medidas autoritárias.

Cunha defende a terceirização do mercado de trabalho, que reduz salários e elimina encargos e proteções trabalhistas. Defende, também, o prolongamento da idade de aposentadoria, obrigando idosos a trabalhar até o fim da vida, e a redução da maioridade penal, que afetará sobretudo pequenos delinquentes que só roubam para sobreviver mas poderão ser presos junto com assassinos e traficantes.

Eduardo Cunha é amigo do político Jorge Picciani, e protetor do deputado Leonardo Picciani, filho de Jorge e irmão de Rafael. Em uma campanha de 2014 para as eleições do Legislativo, Rafael Picciani, que então concorria a deputado estadual, foi visto ao lado de Eduardo Cunha, que por sua vez concorria para o cargo que lhe valeu o comando de parte do Poder Legislativo.

Através da presidência da Câmara dos Deputados, Cunha detém a segunda suplência da Presidência da República, pois, caso haja algum impedimento do vice-presidente Michel Temer, Cunha torna-se presidente em exercício.

Será que Rafael Picciani quis na verdade "terceirizar" o sistema de ônibus do Rio de Janeiro ou o deputado Eduardo Cunha é que quer, com suas "pautas-bomba", "racionalizar" a vida dos brasileiros? De qualquer maneira, os aspectos antipopulares das medidas de um e de outro mostram que o PMDB governa com autoritarismo e pouco está aí com os sacrifícios a serem suportados pelo povo.

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